quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Adicionaram 111 no Rock'n'Roll! - Parte IV

 (Des)Contra-Ação: Louiz defina o termo 'música'. O que ela significa pra ti.
Louiz: Musica é aquela parceira para todos os momentos né! Eu amo ouvir musica sem fazer nada, só ouvir musica deitado no escuro. É terapêutico, me transporta sempre para uma realidade melhor. Cada musica tem a sua personalidade e característica, assim como pessoas. Gosto da forma que eu me sinto quando estou ouvindo musica. Ela já me trouxe amigos e momentos. A sensação de euforia que aquela parte favorita da musica faz você sentir, aquela musica que te faz lembrar aquela pessoa x. Nossa! Muita coisa. Eu quero fazer uma musica sobre a o que a musica me faz sentir(rs). Sou apaixonado por musica. Fato! ahaha Quem não é?! E como apaixonado quero a conhecer mais profundamente e nunca me apartar dela. Acho que é isso. Hahah, sou meio tímido po! Não me faz essas perguntas :$

   (Des)Contra-Ação: Não te imagina em outro posto, não é?
Louiz: Pra falar a verdade você vai se decepcionar, eu acho. hahaha Eu não quero viver de musica. Musica é meu hobbie, é a forma que eu quero me expressar, mas meu coração já tem outro dono...a minha faculdade de psicologia hahaaha!

Louiz, pra finalizar, deixe um recado para os leitores do (Des)Contra-Ação.
Louiz: Aos leitores eu deixo uma mensagem escrita em João 8.32: "... e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” Jesus disse que somente através da verdade que seriamos libertos. Vá atrás da verdade, se informe, se politize e se conscientize. O que assola a juventude hoje é a "falsa sensação de liberdade”. Eu fui um adolescente assim, eu brigava com a minha mãe para poder sair de casa aos 14 anos para varar a noite na rua, por exemplo, e eu dizia: “a sua geração lutou por liberdade contra a ditadura militar e hoje você não deixa eu usufruir disso”, ‘xingava’ ela de opressora e ditadora hahaha. Mas eu estava completamente errado, porque eu estava saindo da proteção da minha casa para me escravizar....no álcool, nas drogas e prostituição; porque eu me enganei pela falsa sensação de liberdade! Liberdade não é você fazer o que você quiser a hora que você quiser e simplesmente você encontrar a paz! E a verdade é o único caminho que te leva a verdadeira paz e não a indiferença aos problemas. Conscientize-se e instrumentalize-se no que é bom.  Haha. Acho que é isso. Shallom HalelluJah! Até a próxima.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Clemente: O punk que faz história! [Entrevista realizada para a revista Comfusão do Cesnors/UFSM]

O músico, Apresentador e Diretor Artístico do programa Showlivre.com, Clemente Nascimento, fala com a equipe da ComFusão e conta-nos em uma entrevista descontraída sobre seu trabalho como apresentador e em cima do palco, com suas bandas. Cuta ai a voz de quem tem muito para contar. E salve o velho e bom Punk! 

(Com)Fusão: Clemente como é para você fazer parte do cenário punk nacional, começando com a 'Restos de Nada' e agora com a 'Plebe Rude' e 'Inocentes'?

Clemente: Acho legal, são tantos anos de estrada, que o que acaba sendo importante são as bandas em si, o cenário vira pano de fundo.

(Com)Fusão: Como você vê o cenário punk atual? Acredita que há espaço pra fazer música punk no Brasil?

Clemente: Não sei como anda o cenário, vejo novas bandas começando e me parece que vai bem, acho que há espaço para fazer qualquer tipo de música no Brasil, desde que ela seja boa.

(Com)Fusão: E como era a convivência com outras bandas do cenário musical da época? Havia muita concorrência?

Clemente:: Havia uma concorrência sadia, isso é inerente do ser humano, mas nada que atrapalhasse a convivência que sempre foi na boa, tocamos com várias banda antigas ainda em atividade, como o Garotos Podres, Cólera, Ratos.

(Com)Fusão: Como era fazer música na época que você começou a trabalhar com ela, em uma 'atuação' ainda presente da ditadura militar?

Clemente: Era difícil, não existiam casas para se tocar, tudo era muito improvisado, mas divertido. Reunir jovens em um local para escutar música já era considerado subversivo, sofríamos retaliações, mas eles de certo modo estavam certos pois um dos nosso objetivos era lutar contra a ditadura militar! (risos)

(Com)Fusão: Acredita que a música tem seu devido valor e apreciação atualmente no Brasil? Por quê?

Clemente: Acho que a música sempre teve seu valor, temos épocas mais difíceis e mais fáceis, mas a música sempre encontra seu espaço. Por que sempre tem gente interessada, não importa se o público é pequeno, o importante é que ele goste.

(Com)Fusão: Em sua carreira artística até então, qual fato você considera mais marcante? Existe algum que você faz questão de esquecer? Qual seria?

Clemente: Puts um fato só? Difícil, mas acho que o show de abertura do Ramones que fizemos em 94 foi marcante, o festival “O Começo do Fim do Mundo” no SESC Pompéia em 1982, e o show do Inocentes no River Rock em Sta Catarina em agosto de 2010, agora um fato para esquecer? O show na pizzaria Bin Bin! (risos)

Acredito que a música seja uma motivação forte para você em decorrer de tantos anos trabalhando na área. Como é para você conciliar trabalho e família?

Clemente: É difícil, pois viajo muito, trabalho a semana toda no Showlivre, onde sou apresentador e diretor artístico, E nos finais de semana, viajo com as bandas, vou discotecar, dar palestras, mas também é gratificante ter as contas em dia!(risos) Vejo pouco as crianças, mas estão todos bem.



Foto: Eduardo Luderer 

Continua!

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Musica e personalidade. (Ensaio produzido para o Jornal Unicom)

 Há pouco tempo, discutir música era algo limitado apenas aos profundos conhecedores dessa arte. Rótulos eram inaceitáveis, e quem os assumia era discriminado por aqueles que cultivavam uma paixão por um estilo oposto. Música boa era aquela que não fugia de suas raízes, e menos ainda, vendia-se ao cunho comercial. Antes, gravar um disco exigia tempo, dinheiro e conhecimento, e ainda havia uma grande dificuldade em ingressar no mercado musical. Hoje, com um bom computador e programas de edição, qualquer banda pode gravar seu disco, e há diversas ferramentas on-line para divulgação do mesmo.
Irwin Rocha, produtor musical da BURNING, já dizia “Indiscutivelmente acho dificil termos despontado no mundo, hoje, bandas como foi o Guns N’ Roses, como foi Led Zepllin. Nem vou citar Michael Jackson que seria até uma ofensa. Não é que a música de hoje é pior do que a de antigamente, mas a tendência mercadológica que se criou em cima disso levou pra que fosse assim”.
Nos anos 90 víamos muitas pessoas correndo contra a corrente, ninguém gostava de rótulos e eram fiéis ao seu estilo pessoal e musical. Mas, a música foi evoluindo (ou não, dependendo da sua percepção), e o que passou a ser importante não é mais o conteúdo musical, nem a qualidade de timbre de voz: a imagem vale mais. Pegamos bandas como Cine e Restart, sem as roupas coloridas, o cabelo estrategicamente posicionado, e o jeitão de moleque, o que teríamos? Um som mercantil trabalhado para dar certo, para um público teen pop consumidor. Se fizessem uma pesquisa de mercado, todos veriam que as calças coloridas, por exemplo, vendem muito mais que os CDS dessas bandas. O público jovem consome o estilo. Logo, cada vez mais vendem-se à um estereótipo, coisa que a juventude dos anos 90 evitava com todas as forças.
Rótulos passaram a ser legais. Há uns 5 anos atrás, era moda ser “emo”, todos os jovens adoravam e seguiam esse segmento musical, Fresno era uma banda, na época, consagrada como “emo”. Mas, preste atenção nas letras poéticas da banda Fresno, e depois as compare com as conhecidas bandas “coloridas” que estouram nas paradas de sucesso musical atualmente.
Este não é um texto pró nem contra qualquer banda “emo” ou “colorida”. Mas é inegável que a juventude – ou boa parte dela – rendeu-se ao mercado, vendeu-se à mídia que lhe empurra essa gama de informação nova, e já não relativizam mais o que realmente os agrada, e o que não. Parece que é mais fácil estar na moda, do que manter sua personalidade, indiferente da maioria. Ser diferente, ter opiniões e gostos próprios costumava ser legal, fazia parte da sua identidade. Hoje possuir uma identidade própria, fugindo do que é “moda”, é estranho. Todos são rotulados e gostam disso. A juventude está padronizada.
Sempre houveram estilos predominantes, e aqueles que se enquadravam, e eram influenciados por estes estilos. A Universidade de Leicester, na Grã-Bretanha, através de uma publicação na revista Psychology of Music, traçou um estudo sobre isso: através de 2,5 mil entrevistados descobriram que uma coleção de CDs pode revelar muito mais sobre a personalidade de alguém do que se imagina.
Música é universal, seria impossível negar que já passou, há muito tempo, a ser mercadoria, pela gama imensa de cultura que nela se insere, sendo ela comercial, mercantil ou independente. Música será sempre música. O que preocupa é a distorção que está se criando sobre ela, sobre seu estilo e sobre a personalidade de quem a consome. Se música, atualmente é tratada como estilo: você já parou para pensar o que seu estilo diz sobre a sua personalidade?

Por Joana F, Scherer (@jooomla) - Acadêmica de Jornalismo / Equipe (Des)Conta-Ação 


quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Ao pé da letra! [Dance Of Days]

 (Des)Contra-Ação: Nenê, em 1986 ocorreu teu primeiro contato com o movimento punk. Como foi para você esta aproximação e preservação desta filosofia de vida?

Nenê Altro: Eu acho que cada um tem sua maneira de se relacionar com o punk. Não critico ninguém. Comigo e com os amigos com que busco me relacionar o punk se tornou uma maneira de resistência pessoal, de conseguir respirar e sobreviver num mundo que não tem absolutamente NADA a ver conosco. E quanto mais você vive o punk mais ele faz parte de você. Não é aquela coisa de chegar no final de semana e colocar um visual e ir num som. Não tem nada a ver com roupa e música. É acordar e se sentir assim, resistir pela existência.


(Des)Contra-Ação: Com a banda punk Sick Terror, vocês fizeram uma representação consideravelmente marcante, uma vez que visitaram muitos países. Como é tocar lá fora? Qual é a receptividade do publico?

Nenê Altro: Cada cena tem o seu perfil. É bem legal. Fizemos o circuito punk squatter duas vezes, a primeira em 2002, passando por 5 países e a segunda em 2004, por 16 países. A cena da Europa tem essa característica de ser mais politizada, mas ao mesmo tempo não é panfleteira, aquele lance de polícia de pensamento que rola por aqui saca? E não tem essas tretas idiotas de galera. Então o lance fica bem mais legal. Todos os shows foram ótimos. Os que mais curti foram no Kopi na Alemanha com o Cop On Fire e os no Thrashfest com o Municipal Waste e num squatt com Seein´Red, ambos na Holanda, todos em 2004. Em 2002 a parte mais legal foi a Finlândia. Fora a cadeia, é claro rsrsrs


(Des)Contra-Ação: Você considera o público da Dance Of Days mais "fiel" que o público de uma banda "pop comercial"? Isso se daria ao fato dessas bandas serem consideradas modinhas e, como sabemos, alguma hora essa moda passa?

Nenê Altro: Tem um amigo meu que diz que existem os fãs de punk, os fãs de hardcore, os fãs de pop, os fãs de emo e os fãs de Dance of Days. Que a maioria não bate bem da cabeça rsrsrsr Eu concordo, a maioria é doido, muito passional, entregue a música, a tudo que fazer parte disso significa. E a fidelidade se deve a isso. Não vivemos sem nosso público e vice versa. Acho que é uma resposta natural a tudo o que somos. Somos exatamente iguais. Nenhum da banda é muito normal não...


(Des)Contra-Ação: Quais eram seus objetivos no início da DOD que permaneceram e mudaram com o passar dos anos na carreira musical?

Nenê Altro: Continuam sendo os mesmos. Fazer o que quero sem dar satisfação pra ninguém e cagando para o que pensam ou deixam de pensar de mim.


(Des)Contra-Ação: Qual a mensagem que a DOD procura passar para seu publico?

Nenê Altro: Sejam vocês mesmos e aproveitem ao máximo cada segundo de suas vidas.


(Des)Contra-Ação: Muitas bandas utilizam da mídia para mostrarem seu trabalho, e assim, tentar ser vistos por produtores e gravadoras em busca de oportunidades no cenário musical nacional. Você nunca visou esses objetivos, uma vez que a mídia pode ser uma ferramenta essencial para divulgação e propagação de conteúdos?

Nenê Altro: Não. Não temos preconceito, se nos chamam tocamos onde quer que for, seja no Abril Pro Rock ou no menor bar de periferia, seja na TV ou na rádio da escola, mas não fazemos NADA pra chamar a atenção de ninguém. As poucas vezes que tivemos produtores interessados em ajudar ou fazer parcerias eles olharam pra gente (na verdade pra mim) e viram que ia dar muito trabalho. E na verdade ia mesmo. Sou muito boca dura e entre fazer o show me sentindo bem, seja bêbado ou sóbrio e fazer sala pra não desagradar produtor eu sou mais eu.


(Des)Contra-Ação: Nenê, suas bandas sempre foram bandas que, podemos dizer, eram mais ligadas ao que não era ‘popular e mercantil’. O fato de passar por mudanças sempre que surgisse uma nova ‘moda’, por conseqüência ou não, ajudou a deixar a marca de suas bandas? Por quê?

Nenê Altro: Nunca mudamos pelo que estava acontecendo a nossa volta. Na verdade se você pegar cada disco e o que estava acontecendo na época, na maioria das vezes estávamos contra a corrente. Mas o fato é, fazemos o que queremos da maneira e na hora que queremos. E isso reflete nos discos. É só ver o disco preto que acabou de sair...



(Des)Contra-Ação: O jornal Antimídia ganhou uma aceitação muito bacana. Como ocorreu o surgimento da idealização e quais os principais motivos pra ele continuar circulando até hoje, depois de 10 anos de atuação?


Nenê Altro: Simples, faço fanzine desde 1986 ou 87 e desde então nunca consegui parar de escrever, xerocar, distribuir as coisas que penso. Faz parte do que sou. O Jornal Antimidia foi e é uma consequência de tudo isso.


(Des)Contra-Ação: Como criador do Jornal Antimidia, se recebesse um convite para participar de um evento musical com bandas tidas como “comerciais”, com cobertura nacional pelos meios de comunicação, aceitaria esse convite?

Nenê Altro: Se eu pudesse falar mal de quem quisesse e ganhasse muita bebida de graça porque não?


(Des)Contra-Ação: Nenê, o público em geral hoje em dia sofre consideráveis influências, de forma mais direta ou não. Isso é uma preocupação para você, uma vez que atua como porta-voz de muitos jovens e adolescentes?

Nenê Altro: Eu não me vejo como porta voz de ninguém. Muito menos exemplo. Na verdade costumo dizer que nós somos a banda mas que somos todos Dance of Days, banda e público. É um espírito, uma força que nem tem como descrever. E eu acho que quem fica é porque começa a ter tudo isso como parte da vida mesmo. Se o que está rolando por aí muda a cabeça de alguém é porque a coisa nunca bateu de verdade no coração da pessoa. Eu acho que a pessoa vive sim numa eterna busca, que tem sempre que conhecer e aprender, trazer pra si o que é bom e abandonar o ruim. Mas se a pessoa não aprende é melhor que vá curtir outra coisa mesmo. Não tenho paciência pra gente que gosta de ser idiota.


(Des)Contra-Ação: Muitas pessoas falam que as bandas, ao possuírem contrato com uma gravadora ou produtora, acabam se vendendo ao que estas julgam mais “rentável”. Você concorda? Por quê?

Nenê Altro: Concordo. Porque se a pessoa entrou nessa o objetivo óbvio dela é ganhar grana, então que ganhem logo essa porra e não fiquem no nosso meio tomando espaço de quem vive o independente. O porque de fazerem isso, aí eu já não sei. Não tem nada a ver comigo.


(Des)Contra-Ação: Nenê, na sua opinião, qual a característica que julgas mais marcante em si próprio, como músico e como pessoa?

Nenê Altro: Faço e falo o que eu quero. Na maioria das vezes sem pensar.


(Des)Contra-Ação: Você começou a escrever muito jovem ainda, desde quando era menor de idade. Agora você lançou um livro chamado “Os Funerais do Coelho Branco”. Qual o release deste livro?

Nenê Altro: Hmmm... release? A pessoa passa por um surto de depressão e vai morar na boca do lixo, entre os bares da Rua Guaianases, da Julio Prestes, do Arouche... aí acorda umas semanas depois com mais cicatrizes no rosto e um livro de poesia escrito em guardanapos. Esse é o release mais sincero que posso pensar.


(Des)Contra-Ação: Em que você se inspira para compor suas canções, seu livro, poemas, etc?

Nenê Altro: Na minha vida pessoal. É tudo sobre mim.



(Des)Contra-Ação: Ao que se deve seu comportamento tão “peculiar”, o que faz de você ser uma pessoa tão consagrada na cena musical, uma vez que não utiliza da propagação de informações midiáticas para se expor?


Nenê Altro: Como assim peculiar? Rsrsrsr Bom, eu estou no meio independente desde o final dos anos 80, é claro que devido a isso conheço muita gente, tenho muitos amigos e nunca deixei de produzir. Acho que é isso. E quanto a banda, acho que seria algo mais ou menos na linha do que os anarquistas costumavam chamar de “propaganda pela ação” no início do século passado.


(Des)Contra-Ação: Nenê, o blog fala muito sobre temas sociais e políticos. Sem entrar muito nesse assunto, gostaríamos de saber sua opinião sobre as eleições políticas, e todas essas questões de votos.

Nenê Altro: Eu não voto. Não reconheço. Nem apareço pra votar. Nem pra votar nulo. Pra mim qualquer um que estiver no governo dá na mesma. Não é o meu governo. E toda lei, seja ela do PT ou do PSDB só fode a minha vida. Clichezão da porra, mas na real é isso mesmo. E sempre vai ser.



(Des)Contra-Ação: Você acredita que existe mesmo o termo "liberdade de expressão", uma vez que a mídia só divulga e foca aquilo que lhes é aceitável? Seria esse um dos motivos para muitos jovens se rebelarem e procurarem, cada vez mais, se informar, discutir e propagar opiniões e conhecimentos próprios?


Nenê Altro: Cara, minha opinião sincera mesmo é: não espere nada dos outros. No caso da mídia, crie sua própria mídia, fora de controle. Boca a boca, cole cartazes, faça panfletos e zines. Aí ninguém tem controle. Ficar vivendo de migalha de rodapé de jornal deve ser um porre. E esse papo de lutar por liberdade de expressão aí fazia sentido mesmo na época da ditadura, agora tem que manter isso sim, não deixar a porra do Estado controlar sua vida mas ir além, sempre além. O indivíduo não deve se condicionar a vontade dos mecanismos de controle da sociedade, mas também a de nenhum outro indivíduo. Principalmente se o outro indivíduo em questão for muito chato rsrsrsrs


(Des)Contra-Ação: Nenê, se pudesse mudar alguma opinião do senso-comum, e moldá-la ao seu modo, o que seria? Por quê?


Nenê Altro: A religião não deveria ter poderes nem influência sobre a vida comum. Cada um cada dois e cada um faz com seu Jesus o que quiser entre quatro paredes. Não usar uma cruz e um livro pra foder com a vida dos outros.


(Des)Contra-Ação: Existe alguma característica na música considerada "mais antiga" que você gostaria que fosse cultivada sempre? Qual?

Nenê Altro:  O timbre de guitarra do SUB.


(Des)Contra-Ação: O que você anda escutando ultimamente?

Nenê Altro: O de sempre... Cólera, 365, Olho Seco, Inocentes, DZK, Ratos...


(Des)Contra-Ação: Você já leu o artigo que escreveram sobre você no Desciclopédia?

Nenê Altro: Já.


(Des)Contra-Ação: O que achou dele?

Nenê Altro: Bobo.


(Des)Contra-Ação: Considerações finais.


Nenê Altro: Valeu pelo espaço. Estamos na “Nova Partida Tour” divulgando o novo álbum que está disponível de graça pra download no tramavirtual e está sendo vendido a 5 reais nos shows por todo país. Leiam as letras. É sobre nós. É sobre vocês. E quem quiser ler meus novos textos eles estão todos em meu blog nenealtro.wordpress.com.



quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Adicionaram 111 no Rock'n'Roll! - Parte III












 (Des)Contra-Ação: Tem-se na cultura africana que os tambores e os sons repetitivos produzem o efeito necessário para o domínio dos espíritos malignos. Você concorda com esta conclusão?


Louiz: Tudo que você faz na sua vida tem algo lá de dentro que te motiva.. chamado de emoção! Então suas intenções são o que realmente atraem as coisas a você. No caso da manifestação espiritual você está descarregando no tambor ali a sua intenção. Não que seja o tambor, mas na sua intenção e o som do tambor causam uma certo transe.

 (Des)Contra-Ação: Frente a esta declaração alheia a respeito dos instrumentos musicais e música em si: “Há instrumentos próprios para certos tipos de música e efeitos. Isso faz com que alguns instrumentos sejam associados à orgia, pagode, sensualidade, revolta, bagunça e diversão e por isso deveriam ser evitados na igreja.” Concorda?

Louiz: Absolutamente não. A intenção no coração é que é pecaminosa e não o simples instrumento. Isso é religiosidade, nada a ver heresia. Somente se UM único instrumento isolado fosse consagrado para tal finalidade, todavia, todos os instrumentos e estilos de música são para Deus. O dom vem de Deus e pra Deus tem que voltar. Mas muitos usam seus talentos para outras coisas. Vai do livre-arbítrio.

(Des)Contra-Ação: Quanto as bandas cristãs de Metalcore, Post Hardcore e outros gêneros (voltados para o rock, metal, etc), você acredita que há preconceito sobre este estilo de música por parte da população, mesmo sendo bandas declaradas "cristãs?

Louiz: Não há preconceito, sendo que as bandas que são mais ouvidas e que mais influenciam no estilo são as cristãs e quanto a isso não restam dúvidas. E Gloria a Deus porque antigamente tinha aquela frase "O ROCK É DO DIABO”. Rock é a expressão musical mais diversa que existe, é uma arte e como eu disse “arte é um dom” e o dom provem de Deus e para Ele deve voltar. Hoje há bandas cristãs ativas (bandas até Proselitistas) que são verdadeiros ministérios! Bandas cristãs não sofrem preconceitos, mas também o povo não dá o valor que elas merecem. Graças a essas bandas cristãs - e eu sinto como um detalhismo de Deus-  essas bandas fizeram essa frase ser antiquada e de um religiosismo quase arcaico.

 (Des)Contra-Ação: Certo! Como você comporta a Declínio diante essa nossa discussão, "Música de Igreja"?

Louiz: A declinio não é uma banda cristã porque somente eu sou convertido, sei que Deus tem um propósito e algum plano pra gente. Isso é confirmado em meu coração, por isso continuo na banda porque já larguei eles em alguns momentos em que eu não entendia bem sobre as coisas de Deus. Hoje eu sei que posso ter uma banda com pessoas que não são convertidas e não me corromper e tal, passar uma mensagem legal e....quem sabe a vida deles um dia encontre o caminho, caminho da verdade e vida né.! Haha

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Por que tantas pessoas odeiam Restart?

VMB 2010
Artista do Ano: Restart
Clipe do Ano: Restart – Recomeçar
Pop: Restart
Revelação: Restart
Hit do Ano: Restart – ‘Levo Comigo’
Rock – Pitty


Há inúmeras pessoas (HATERS) que se revoltam e se indignam com o "SUCESSO" e o fato da Banda Restart ter ganho todas as categorias que participaram no VMB (Vídeo Music Awards) deste ano. Eu me indigno com essas pessoas. NÃO! É lógico que eu não curto a banda/grupo/família/whatever e nem qualquer coisa ligada ao Restart. Nem escrevo em prol da causa colorida. (Como se eles tivessem uma causa né, der) Eu aprecio a MÚSICA como ARTE e se Restart é taxado como Color Music, (Musica colorida) eu RACIONALIZO: Música é para se ouvir e cor é para se ver. Nada mais digno esse rótulo então.
É musica somente criada a um background para expor um visual. Eu prefiro música que tenha uma expressão ideológica e inspirativa e não tendencie uma pseudo-moda/cult-trash/fuckingBizarre/tennager. Então, EU prefiro não escutar, mas esse post não é contra o RESTART, é pra algo que considero ainda mais chato: AQUELES QUE ODEIAM RESTART.
As pessoas que odeiam o Restart são tão chatas que foi por meio dessas que acabei "conhecendo" a existência dessa banda (banda?). Na verdade, a maioria das coisas que eu sei "sobre", vem do acidente inevitável que há hoje em dia, que é de você ouvir "um qualquer" querendo expressar a sua opinião no meio de uma conversa de adolescentes entre 12 e 18 anos. Porque hoje em dia, qualquer idiota quer expressar sua opinião sobre tudo. Eles vão ao youtube e assistem os vídeos do Felipe Neto ou qualquer outro Vlogger "pseudo-filósofo de escrotisse adolescente" e acata seus discursos e decoram seus argumentos pra depois cuspir ignorância e hipocrisia na "roda". Mas são exatamente esses Fucking Haters que fazem a maior parte da fama dessas porcarias. Essa foi a genialidade publicitária que o fenômeno Neo-Pop "Lady Gaga" deixou como legado: ‘serei espalhafatoso e estranho para que esses pré-adolescentes que querem envergonhar os pais me idolatrem e comprem tudo que tiver o meu nome e que os que me odeiam, comentem sobre mim e faça o meu nome ir além.’ Porque a fofoca, a polêmica e o ódio-burro é que fazem toda FAMA. Ódio-burro e hipócrita porque eu quero que a Dilma ganhe a eleição esse ano (bate na madeira) se for mentira que alguns desses HATERS, quando estão no MSN desativam o "O que estou ouvindo" para que os outros não vejam que eles estão a cantarolar, fazendo caretinhas e poses. Sei que muitos desses também tem inveja porque são um bando de moleques, que, chegaram aos 18 anos e as garotas da idade deles tem uma idade mental muito mais elevada e os ignoram, e as "Novinhas" - que eles até poderiam ludibriar agora - só querem saber dos Coloridos/Colírios que estão fora de cogitação para um maior de idade (ao meu ver).
Mas, o que eu mais tenho certeza, é que esses que se rotulam "Eu ODEIO RESTART" fazem isso por um motivo que gosto de chamar de "MARKETING DE COMPORTAMENTO". Todo mundo quer veementemente afirmar "Eu amo muito isso", "Eu odeio muito aquilo". Geralmente nada tem muita significância, mas usam o tema que está na moda para se auto-afirmarem e assim ganhar atenção. Por que eu bem sei que as coisas que EU NÃO GOSTO eu ignoro e pra mim não existem. Então pare de ficar falando mal do Restart porque além de você já ter enchido o saco, todo mundo sabe que você diz isso somente para aparecer.
AAAAH Louiz, mas o Restart ganhou todas as premiações do VMB. Isso não é para se odiar?? Absolutamente não, e eu vou te mostrar o porque você é ignorante.
Como eu e meu querido brother @GuiRelieve tínhamos conversado, (e que isso fique BEM CLARO PARA VOCÊS) os ganhadores do VMB não são escolhidos por questões qualificativas, em um Júri profissional. Eles ganham através da V-O-T-A-Ç-Ã-O. Ora, como o Vladimir Cruz da @ZonaPunk já havia comentado nesse blog: como todos os fãs de Restart são estudantes do ensino fundamental, que tem muito tempo ocioso para ficar nerdiando na internet, isso acaba sendo predominante.
(E o Prêmio "Banda com maior número de fãs sem ter o que fazer vai para... ) RACIOCINE! As pessoas devem entrar no site para votar, certo? A quantidade de clicks no site é o que alavanca a procura da publicidade, certo? Então Energumeno. A PUBLICIDADE É A FONTE DE DINHEIRO. O que importa se você acha que esse critério de premiação é injusto ou não? Eles estão ganhando DINHEIRO e isso é o que importa para eles.
O ROCK não morreu, como dizem por ai. Ele simplesmente retornou (e é a coisa que eu acho mais digna) para o Underground. E você que não apoia a cena, não compra os CD´s, Compactos e EP´s dessas bandas, não cola em shows de hardcore e não apoiam e nem fortalecem a "Cena", de nenhuma maneira se ilude em querer me enganar dizendo que você esta falando mal do Restart porque você quer DEFENDER O ROCK? Brother deixa eu te dar uma idéia....Qualquer coisa que ganhe esses tipos de prêmios e gritos histéricos de garotinhas não necessariamente definem ou representam o nível de QUALIDADE da ARTE.
Eu assistia o VMB e tudo que ali era premiado, para mim, era a lei. Depois fui criando uma autonomia em relação ao que eu gostava e desde quando a Pitty começou a devorar todos esses tipos de prêmios a MTV, já não fazia mais a minha cabeça há muito tempo. É algo que deve ser totalmente desacreditado.
Apesar disso, não dê crédito a nada que passe na frente da quadrada na sua sala cara! Faça como eu que não assisto TV por protesto há 2 anos, e fui saber da polêmica premiação pelos Haters (é claro) no twitter. =) Ah! Só para finalizar, sobre a declaração do Restart alegando (que se acham) a salvação do Rock e os Beatles dos anos 2000 eu não quero comentar para não ser PRESO. Na boa, um cidadão que pensa isso sobre si mesmo não chega nem ao patamar de ser digno do meu ódio. O máximo que eu faria, era dar aquela ignorada mais escrota que eu puder. Igualzinho aquela que você (HATER) recebe das fãzinhas de Restart. Se são os novos Beatles, por favor, então não matem somente o John Lennon. Se realmente eles são a salvação do Rock, é melhor toda a história do Rock ter um RESTART e começar de novo.





Por Louiz, vocalista e letrista da Banda Declinio, cooperador do blog. @Louiz_Declinio


segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Adicionaram 111 no Rock'n'Roll! - Parte II


(Des)Contra-Ação: Louiz, frente a estes episódios polêmicos, você acredita que a música na Igreja tem funcionado como um resgate destes valores e princípios que foram perdidos, (ou que talvez nunca existiram de forma tão eficaz), e acabam sendo manipulados de uma certa forma por quem tem uma grande concentração de poder em mãos (grandes empresas midiáticas, por exemplo)?

Louiz: É que é assim: as músicas, digamos Gospel...ela é de adoração e te faz conectar com Deus em louvor. Somente quem pode fazer isso são verdadeiros adoradores, pessoas que realmente vivem o que é pregado - o Evangelho, as boas novas a maneira que Jesus andou-  e isso vai alem de qualquer religião. Mas em relação a sua pergunta como cristão eu prefiro não me expressar por um caráter cristão porque está escrito: “Todo o reino, dividido contra si mesmo, será assolado; e a casa, dividida contra si mesma, cairá.” (Lucas 11.17). Temos problemas também em relação a isso, mas eu jamais iria apontar o dedo pra Igreja que é minha mãe, lugar onde eu encontro meu abraço quente, a renovação da minha mente. E igreja são pessoas. Lembre-se!

  (Des)Contra-Ação: Certo! Na tua opinião, como a música destinada a Adoração a Deus é reconhecida e recepcionada na realidade atual? Ainda há uma considerável resistência, isso seria consequência da falta de espaço no mercado para a divulgação destes tipos de canções ou algum outro fator?

Louiz: Eu não sou muito informado sobre o que a população vem escutando, mas sei que os cantores Gospel estão conquistando uma simpatia a mais com a população. Mas eu acho que a maior preocupação não é fazer a música Gospel se popularizar. Em um contexto, a adoração não é para agradar homens e sim a Deus. É claro que como a bíblia diz: “Todo o ser que respira Louve ao Senhor.” (salmo 150.6) Pessoas são diferentes e gostam de coisas diferentes. Toda arte é dom. São para serem usados para louvor a Deus! Então não sei se é de caráter monopolizado que a musica evangélica não é tão "comercial" digamos assim, é que cada um procura o que quer ouvir.

   (Des)Contra-Ação: E se houvesse uma lei que abrangesse todos os países e esta lei fosse a obrigação de que toda música que fosse produzida devesse ser feita apenas para Deus, como você veria o cenário atual da música? E a situação da população?

Louiz: Eu acho que iria ser maior bagunça. Não, não a liberdade de expressão sempre em primeiro lugar. Isso é direito humano e o evangelho não é algo impositivo, mas como traduzido do grego quer dizer "boas novas”. E eu acho que Deus até se agrada de que a pessoa escolha entre uma musica Gospel do que uma música "secular”. Coisas que revelam a personalidade de Deus, como por exemplo, está escrito: “Deixe o joio crescer junto com o milho.” (Mateus 13.30) A música influencia isso, eu acredito plenamente. Não sei o que seria da minha vida se, por exemplo, não tivesse conhecido Faith no More, Deftones, ou Depeche Mode quando eu era bem pequeno. Eu iria ser uma pessoa completamente diferente. Mas quando você ouve algo bom, você sempre quer guardar pra você e sua minoria. Todo mundo curtindo a mesma coisa é chato. Deixa o ‘MELHOR’ para aqueles que realmente sabem curtir o que é bom. E eu digo com plena certeza... um louvor já me levou muito alem do que qualquer música. É uma outra forma de se ouvir musica. Não dá pra explicar, você está ouvindo uma boa musica e ela expressa seu sentimento naquele momento diante do Ser mais absurdamente extraordinário do mundo. O louvor é tão forte que até liberta, leva as lagrimas. Louvor é uma forma de ouvir musica que transcede a consciência. Nossa! É muito bom. Vou ouvir um Leonardo Gonçalves aqui agora em sua homenagem Kate! (risos). 

    (Des)Contra-Ação: Louiz, você deixaria sua atual banda para tocar em uma banda na Casa de Deus? Por quê?

Louiz:  Afirmo... por escolha não, por chamado sim! Mas isso são coisas que abordam assuntos bem íntimos e difíceis....difícil de responder.



CONTINUA....

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Adicionaram 111 no Rock'n'Roll!


O velho e bom rock’n’roll e suas vertentes. Tão polêmico, tão sustentável e relacionável ao dito ‘fé’ nas coisas de Deus. Em uma conversa com Louiz, vocalista da banda paulista Declínio, tratamos sobre esta relação cristã com a música, juntamente com esta visão de que antigamente diziam que o rock’n’roll era coisa de ‘anti-cristão’, porém hoje, muitos integrantes de bandas- como Louiz - são a prova de que essa é uma realidade distorcida. Boa leitura, fiquem com Deus e até mais!


(Des)Contra-Ação: Louiz, você como cristão deve gostar de música de Igreja. Como é para você esta relação com a música feita na Igreja e a música da sua banda, a Declínio?

Louiz: Bem, digamos que há uma certa diferença. No Brasil se popularizou a chamada música Gospel, que seria adoração e louvor, Aleluia e Gloria a Deus. É uma música que somente resgata valores cristãos sem uma adoração direta. Na Declínio, como eu sou o letrista, acaba sim tendo uma tendência porque não há como fingir uma realidade pra se escrever. Escrevo coisas que realmente são “minhas verdades” e quero usar as letras nas músicas como veículo de conscientização, não usando de coerção, mas conscientização que a BIBLIA nos traz, sobre união, princípios de paz e uma vida instrumentalizada no bem, voltada ao bem estar do outro e não do si próprio.

(Des)Contra-Ação: Você sempre teve esta preocupação com o conteúdo das letras (frente a estes princípios que você mesmo citou: união, princípios de paz e uma vida instrumentalizada no bem)? Ou foi uma questão de aprendizado na vida?

Louiz: Eu sempre amei literatura. Camões, Shakespeare, Stephen King, José Saramago, Clarice Lispector, Fernando Pessoa e vários outros fizeram minha cabeça desde pequeno, mas minhas primeiras bandinhas eu lembro que já escrevia com contexto. Eu criava uma história, na maioria das vezes crônicas e escrevia todo um roteiro com narrativas e tudo mais. (risos) Só depois escrevia as letras baseada nisso, mas eu fazia isso porque achava mais fácil pra eu escrever, mas até essa época eu tinha uma visão de mundo bem diferente da que tenho agora. Todas as minhas letras revelam algo muito profundo de mim, e nessa época se você lesse você ia perceber que eu tinha características de uma pessoa bem melancólica, não tinha uma mentalidade e visão social dentro de um contexto social atual. Eu tinha vários questionamentos, ai veio a síndrome do pânico que arrasou a minha vida algum tempo. Estou bem agora, antes minha intenção era chocar pessoas, hoje é somente conscientizar.

(Des)Contra-Ação: Então, a Declino procura tornar algo prezado seu conteúdo e a forma também, certo? Você acha que a falta disso (postura ideal de conteúdo e forma) tem sido um problema na música?


Louiz: Não, há muitas bandas falando sobre coisas muito importantes que nos faz pensar, que adicionam luz em nossa sabedoria, que nos faz rever valores. Simplesmente elas não são agradáveis ao MAINSTREAM. Porque as pessoas já estão com suas consciências cauterizadas e há muito tempo se inverteu os valores da música do ideal para o visual. Ninguém canta musicas se as letras vão de encontro a uma realidade que elas não querem mudar. Ninguém canta letras que a própria letra a faz ser hipócrita. Ninguém tem atitude. Por isso é mais fácil você conquistar pessoas com letras de relacionamento idiotas adolescentes porque as pessoas estão acostumadas com isso desde cedo. Influenciadas pela televisão a porcaria do século e uma sociedade onde diz que você precisa TER, e o SER vem depois e varias outras questões. Eu acho até mesmo que se eu fosse escrever sobre o que as pessoas querem realmente ouvir seria desperdiçar meu talento. Eu acho que seria muito chato e repetitivo. Já tenho 22 anos, não sei agir como um ‘babaca’ adolescente para fazer uma galera de veiculo de massa de manobra para ganhar status, estou longe disso, eu hein!

(Des)Contra-Ação: Isso tudo é uma questão cultural também. Como você citou, os veículos de massa funcionam como grandes formadores de opiniões. Celebridades entre outras pessoas que possuem seu espaço e 'status' são divulgados constantemente nesses veículos, e tudo que fazem ou digam passa a ser recepcionado pelas pessoas como a verdade e muitas vezes a verdade absoluta. Agora com a gravação do EP da banda, fica mais fácil a expansão da música da Declino. Espera na banda um posto de formadora da opinião através de suas canções?

Louiz: Absolutamente. O jovem - como eu também sou - sempre está numa busca incessante da verdade e da liberdade. Simplesmente os veículos de massa colocam uma realidade diante dos nossos olhos, uma realidade maquiada fora dos padrões éticos, que agridem a mente das pessoas desde cedo com seus sofismas, com suas caridades oportunistas. É mais viável que os adolescentes fiquem admirando um sujeito que também é manipulado na televisão com seu jeito de ser descolado e seus brasões e toda uma superfluidade de personalidades, do que você falar que noite passada morreram 30.000 crianças, que é ultimo dado relatado pela UNICEF, por exemplo. E também eles querem fazer você aprender escrever para assinar cheques e notas provisórias, querem fazer você aprender a ler para ler seus anúncios apenas. Temos uma educação que escraviza. Você já parou pra pensar o por que das escolas ensinam você a ler, mas não ensinam você a compreender o artigo de um jornal? Porque com uma juventude informada e conscientizada, uma juventude que se ergue para tomar posse de tudo que nos foi desfalcado, as coisas ficam feias pra eles...bem feias. Ia ser o caos, porque eles somente iriam ouvir os jovens quando os cocktails molotovs voassem pra dentro da janela das cabines de seus secretários. Mas deixa eu ficar quieto (risos), isso não é militância, somente consciência.


CONTINUA...próximo post. Aguardem!

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A voz de quem entende do assunto...Parte IV

A produção musical evoluiu bastante, hoje não é preciso sair de casa para gravar nada, você pega um computador e com três programas faz uma música, e se realmente se dedicar a estudar isso, compõe coisas de qualidade. O que de certa forma pode ajudar e pode atrapalhar muito a cena musical então, na verdade, antigamente pela dificuldade de se gravar, de tanto que era inacessível uma gravação acabava que o mercado não tinha uma disputa muito grande. Você batia no quesito “grandes estúdios, grandes valores e grande tempo para se produzir algo de qualidade”. Talvez a maior evolução que a gente teve à nível de produção mundial, não só de música, mas também de produtos, de cinema, de tudo, é a tecnologia e o computador. E com certeza o computador é a maior ferramenta que existe hoje para todo tipo de produção e criatividade e ele não sabe ser usado , essa que é a verdade.

As pessoas estão se auto copiando. Os softwares estão cada vez mais elevados, melhorados, temos hoje, por exemplo, coisas que as pessoas não sabem, mas você senta em frente a um computador e tem softwares de Plugins que simulam todo tipo de instrumento, todo tipo de som, todo tipo de timbre. Você tem programas como Easy Drummer, que é um programa pra bateria, aonde se toca numa bateria eletrônica e a sua bateria vai soar no disco como uma bateria de musica de alta resolução. Você escolhe, tem lá a caixa do Lars Ulrich do Metallica, o bumbo do Joe Bowie do Led Zeppelin que é um som perfeito, e é muito melhor do que gravar com uma batera original, a nível de Brasil, por que se gasta menos tempo, menos dinheiro e com uma precisão de som muito absurda. Isso ajuda muito, só que deve ser usado com uma certa qualidade, tem que ser usada sabendo como se usar, tendo uma questão de sempre querer inovar e de nunca se repetir.

Então eu acho que a maior evolução que teve a nível de produção musical é a questão do nível de tecnologia e isso sempre vai existir, não se produzem discos hoje como se fazia na década de 80 pra início de 90, que era todo feito em fitas abat. Era gravada em fita, a edição era cortada - tinha que cortar uma fita para gravar - e os canais das mesas eram totalmente separados. Tudo era difícil de manter, de manusear, era muito complicado, tinha que se ter realmente um orçamento muito alto pra se gravar um disco. Hoje em dia não, é tudo virtual. A gente não pode virar a cara para coisas que são analógicas. Tem muitas coisas ainda que, nos grandes estúdios, são usados a nível periféricos e analógicos, periféricos únicos e exclusivos, mas no final das contas tudo cai no computador e a parte final de edição ,de mixagem e materialização, tudo é feito a nível de softwares, a nível de programas , a nível de plugins. Então a evolução que a musica sofreu a nível de produção até a realidade atual é realmente a utilização maciça de softwares e do pc.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Drug Free [Lex Level]

As drogas e a música andam de mãos dadas há décadas. Nos anos 60 e com o movimento hippie e seus representantes musicais, a popularidade das drogas alucinógenas, como o LSD, produziu o psicodélico Acid Rock. No Festival de Woodstock de 1969 o rock era um elemento fundamental na juventude americana. Na mesma época Jimi Hendrix e Janis Joplin se consagravam na música, o lema “Sexo, Drogas e Rock’n’roll” guiou a vida deles, e de muitos outros artistas musicais que fizeram e ainda fazem um sucesso inegável, guiando, algumas vezes, seu público a seguirem exemplos nem tão admiráveis. Drogas, sexo e rock são assuntos que, através do tempo, acabaram ligando-se em uma única cultura. Contatamos o Dan, vocalista da Lex Level para falar sobre este assunto.


(Des)Contra-Ação: Dan, sexo, drogas e Rock'n'roll, é este o casamento mesmo?

Dan: Tirando drogas que não sou muito chegado, é um ótimo lema (risos).

(Des)Contra-Ação: E o que tu acha do fato das pessoas relacionarem Drogas ao Rock? Isso 'suja' a imagem?

Dan: Eu não critico quem relaciona, porque hoje em dia 90% das pessoas que estão relacionadas ao rock usam, mas não são todos! Nós da Lex Level somos um caso, não temos nada contra. Todo mundo tem o direito de curtir a vida da forma que bem entender! (risos) Eu acho que é só deixar bem claro que agente não precisa disso pra ser feliz, independentemente das pessoas que acham que quem faz rock é viciado.

(Des)Contra-Ação: Na década de 60 houve um crescimento grande no uso de drogas, combinado com o movimento antiguerra, que deu origem ao lema "Sexo, drogas e rock n' roll". Você então acredita que essa combinação ande, realmente, de mãos dadas?

Dan: Eu acho que ainda tem uma relação entre elas, mas não necessariamente em todas as situações. Existem bandas e bandas. Vai muito da proposta de cada uma! Claro que diversão todos gostam, inclusive eu e a Lex Level! Mas tudo com a cabeça no lugar.

(Des)Contra-Ação: Hendrix, Joplin, Jim Morrison. Todos foram vítimas das drogas. Perante isso, você acha que o conhecimento de tal fato torna as drogas mais "legais" perante os adolescentes e adultos que curtem rock n'roll ou serve como uma advertência?

Dan: Na minha opinião, como uma advertência. Pelo menos pra mim são grandes talentos desperdiçados precocemente! Alguns ícones da atualidade, como o baterista do Avagend Sevenfold que infelizmente foi vitima de overdose, alertam a galera mais jovem de que as drogas muitas vezes aceleram o processo natural da vida! Como diriam os Racionais "Tragando a morte e soprando a vida pro alto."

(Des)Contra-Ação: A banda Minor Threat criou uma música chamada "Straigh Edge" que fala sobre as pessoas não precisarem beber ou se drogar para se divertirem, virando filosofia seguida por muitas pessoas no mundo inteiro O que você acha disso?

Dan: Quando eu era mais novo, me interessei um pouco sobre a iniciativa SxE, é um movimento bem bacana, são pessoas que na minha opinião sabem dar valor as coisas que realmente importam na vida! Mesmo a galera do movimento gostando de um som completamente diferente do que eu curto, respeito muito e admiro.

(Des)Contra-Ação: Acredita que a música - e principalmente os músicos - deveriam defender essa idéia de "drug free" - "livre de drogas"? Ou acredita que isso poderia tornar alguns estilos 'caretas' perante seu público alvo?

Dan: Não sou contra quem curte! Até porque deve ser legal, mas eu prefiro pensar nas conseqüências que isso pode me trazer no futuro. Acho que cada banda tem que defender a idéia que convém a elas, seja qual for a idéia, o seguimento ou estilo.O importante é fazer o que gosta e da maneira que gosta! Mas pra mim, ser careta não é um motivo do qual faz eu me envergonhar.

(Des)Contra-Ação: Você acha que a principal dificuldade para bandas como a Lex é a alta procura de bandas independentes por reconhecimento, criando assim uma gama muito grande de informação que, querendo ou não, acabam superlotando as gravadoras em busca de uma oportunidade, ou a precária situação musical brasileira atual, que prioriza aquilo que mais vende, ou seja, a música "pop adolescente"?

Dan: Acho um pouco dos dois. O mercado musical está muito saturado, com a internet todo mundo agora é artista! O problema é que tem muita banda que não é de muita qualidade tirando a oportunidade das que realmente são formadas por bons musicas, a imagem se tornou algo muito mais importante do que o principal quesito para ser um musico, que é entender de musica!

(Des)Contra-Ação: Certo! E a Lex Level, qual o intuito da banda em relação ao reconhecimento musical?

Dan: Temos o sonho de qualquer outra banda, que é viver de musica! Com certeza essa é uma missão mil vezes mais difícil pelo fato do nosso som não ser um som pop. Mas gostamos de desafios! E queremos realizar nosso sonho tocando O QUE AGENTE REALMENTE GOSTA o que é o mais importante, mesmo tendo que esperar muito por isso.

(Des)Contra-Ação: O que a Lex procura passar para o público?

Dan: Quem procura ler nossas letras, vai entender! Agente gosta de unir vários assuntos, de criticas sociais até amor, não temos preconceito com nada. A gente só quer transmitir quem realmente somos, com nossas qualidades e nossos inúmeros defeito. E já fica a deixa, pra quem tem duvidas se somos uma banda cristã ou não, nós acreditamos muito em Deus mas preferimos não nos limitarmos a só isso, mesmo tendo uma musica que claramente fala sobre religião "A Mensagem (Santifiquei)" não limitamos só a isso nosso som.


segunda-feira, 30 de agosto de 2010

É a hora de ser independente em São Paulo! [Zona Punk]

Diante do falso e polêmico episódio da auto-demissão do diretor da (Zonta) após a premiação de algumas bandas no evento, contatamos Wlad Cruz da Zona Punk, editor e Jornalista, para questionar sobre o fato. Ainda na oportunidade, conversamos sobre a realização da Semana da Independência que ocorre em São Paulo, evento que atrai e prioriza bandas independentes.

Banda Restart levou um dos prêmios no evento produzido pela Multishow. Achou justo? Por quê?

Wlad: Não existe esta de justo ou não. É votação popular, ou seja, quem tem mais votos, leva. O público do restart é em sua maioria (pré) adolescentes, que além de passionais, tem um longo tempo ocioso, o qual usa pra votar. Ou seja, é meio óbvio que bandas com este perfil ganhe de outras com um público mais velho. O sistema de votação é "errado". Entre aspas, pois se é uma votação popular, é o publico que vota.

Acredita que há falta humildade nas grandes bandas nacionais mercantis? Por quê?

Wlad: É relativo isso. Nunca passei por este tipo de problema com nenhuma banda, mas imagino que sim, o endeuzamento dos jovens em cima de bandas jovens, cause esse deslumbre. É o famoso "sobe pra cabeça".

Qual o perfil adulto de uma pessoa que somente absorveu esse tipo de informação durante toda a sua adolescência, em dias que precisamos estar tão alertas em relação as crises? O que podemos esperar desses jovens?

Wlad: Acho que nada. Os jovens de hoje, são jovens como em qualquer época. Todo jovem se acha dono da verdade, esperto, descolado etc. A diferença é que hoje existe muito menos conteúdo cultural no mercado. Ser jovem em 86 não é muito diferente de hoje. Os fãs do Restart de hoje, são como os jovens fãs das Spice Girls nos 90 ou do Menudo nos 80. Sempre há os dois lados, o razo e o profundo. Opções inteligentes sempre se teve. Se nos 80 tinha, sei lá, o Legião, hoje pode-se buscar outras bandas conteúdo para curtir. Mas a massa pop sempre vai buscar o que está em destaque na mídia, seja quando for.

E quanto ao evento da Semana da Independência, é uma forte iniciativa que deveria ser tomada como exemplo de atitude por bandas independentes de outros estados. O esforço para manter essa essência que o evento prega é compensatório? Por quê?

Wlad: É compensatório porque é minha vida. É meu trabalho e dia-a-dia, há anos. A maioria de tudo que cerca minha vida vem e vai pra esse meio, e acredito nele. Portanto, o mínimo a fazer, é mante-lo em chamas. E todos que acreditam nisso deveriam fazer sua parte, seja como for.

Como você vê a recepção do evento - Semana da Independência - por parte de bandas comerciais?

Wlad: Muitas das bandas comerciais de hoje vem da mesma cena, então acham bacana a iniciativa. Não é uma afronta ao outro, é uma valorização do nosso.

Muitas bandas independentes produzem um trabalho maravilhoso. Há uma certa ‘recusa’ de aceitação do material produzido por estas bandas em certas situações. Por que isso acontece, mesmo sendo um trabalho de qualidade?

Wlad: Novamente, falamos de mercado, não de arte. O mercado não engole certas coisas, não é aceitável. Não dá pra imaginar por exemplo o Dance of Days tocando num programa da tv aberta com uma música defendendo o ateísmo. O mercado não deixa, o que é fora dos padrões - determinados pelo próprio mercado de tempos em tempos - entrar e se espalhar. E claro, isso é transitório, já que o mainstream colocou e co-optou discos e bandas como Raimundos ou Plebe Rude - que cada uma a seu tempo, tinham conteúdo 'agressivo' ao mercado. Modas vem e vão. Vai que a próxima moda é o punk 77? ou o grind-core? Não da pra saber.

Acredita que a música produzida no Brasil por grandes produtoras, dando destaque a bandas como Restart e Cine, por exemplo, pode ser entendida algumas vezes como um material planejado estrategicamente para ‘dar certo’ e empurrado para o público,pelos meios de divulgação, acabando assim sendo a grande mercadoria consumida pela massa?

Wlad: No caso das bandas que você citou, por exemplo, não. O mainstream veio busca-las no independente. O Cine, ponta de lança da música pop jovem de hoje, fazia (faz) uma música baseada no que está bombando lá fora, uma música jovem, pop, com toques eletrônicos, visual up etc. Conquistaram o publico - igualmente jovem - primeiro no independente, e depois foram co-optados pela major, que no caso destas duas bandas, só teve o trabalho de espalhar e expor ainda mais um produto que já estava pronto. Existem claro, bandas fabricadas diretamente no mainstream para consumo, tipo BR'oZ e coisas assim, mas no final das contas, é um grande pau de sebo. Alguns ficam, outros caem, outros somem.

Como você classifica e definiria o que é produzido pela Restart?

Wlad: Música pop jovem. Não tem nada a ver com rock. É pop, como é sei lá, Luan Santana, Roxette e Britney Spears. Não consumo, não gosto e não me afeta.

O que deveria ser feito para mudar os rumos que a musicalidade no Brasil está tomando? Quais as medidas sem adiamento que deveriam ser tomadas?

Wlad: Fazer o seu e se preocupar menos com o do outro. Foda-se se o Restart ganhou um prêmio do multishow, da globo etc. Faça o seu. Divulgue o que você acha bacana, ensine, spread the word. O mercado mainstream sempre existiu e sempre teve seus fenômenos pop, de RPM ao Restart. Compra quem quer. Se você tem dissernimento pra saber que artista X não tem conteudo, não te agrega, então busque o que te identifica. Mas tenha em mente que quem curte e apóia esse tipo de artista (popular) em sua maioria são jovens e sem base pra buscas mais profundas. Não espere que uma menina de 14 anos se identifique com um Cazuza por exemplo, ou com o Frank Zappa. Apóie quem você acha que tem que ser reconhecido, e quem sabe assim, apoiando mais quem (ou o que) você acredita, isso (ou ele) fique maior.

Qual a mensagem que você procura passar pra galera que luta por fazer música com independência?

Wlad: Que faça música, arte pela arte, não pelo dinheiro ou pela fama. Toque, faça o seu, divulgue e acima de tudo, seja realizado com o que está fazendo.



P.S.: Caros leitores do (Des)Contra-Ação. A entrevista de Wlad, da Zona Punk, foi re-editada devido a denuncia da informação falsa da demissão de Zonta (diretor da Multishow). Pedimos desculpas perante a má apuração desta informação; Porém, a entrevista com Wlad é de total e completa competência e entendimento musical.