terça-feira, 31 de agosto de 2010

Drug Free [Lex Level]

As drogas e a música andam de mãos dadas há décadas. Nos anos 60 e com o movimento hippie e seus representantes musicais, a popularidade das drogas alucinógenas, como o LSD, produziu o psicodélico Acid Rock. No Festival de Woodstock de 1969 o rock era um elemento fundamental na juventude americana. Na mesma época Jimi Hendrix e Janis Joplin se consagravam na música, o lema “Sexo, Drogas e Rock’n’roll” guiou a vida deles, e de muitos outros artistas musicais que fizeram e ainda fazem um sucesso inegável, guiando, algumas vezes, seu público a seguirem exemplos nem tão admiráveis. Drogas, sexo e rock são assuntos que, através do tempo, acabaram ligando-se em uma única cultura. Contatamos o Dan, vocalista da Lex Level para falar sobre este assunto.


(Des)Contra-Ação: Dan, sexo, drogas e Rock'n'roll, é este o casamento mesmo?

Dan: Tirando drogas que não sou muito chegado, é um ótimo lema (risos).

(Des)Contra-Ação: E o que tu acha do fato das pessoas relacionarem Drogas ao Rock? Isso 'suja' a imagem?

Dan: Eu não critico quem relaciona, porque hoje em dia 90% das pessoas que estão relacionadas ao rock usam, mas não são todos! Nós da Lex Level somos um caso, não temos nada contra. Todo mundo tem o direito de curtir a vida da forma que bem entender! (risos) Eu acho que é só deixar bem claro que agente não precisa disso pra ser feliz, independentemente das pessoas que acham que quem faz rock é viciado.

(Des)Contra-Ação: Na década de 60 houve um crescimento grande no uso de drogas, combinado com o movimento antiguerra, que deu origem ao lema "Sexo, drogas e rock n' roll". Você então acredita que essa combinação ande, realmente, de mãos dadas?

Dan: Eu acho que ainda tem uma relação entre elas, mas não necessariamente em todas as situações. Existem bandas e bandas. Vai muito da proposta de cada uma! Claro que diversão todos gostam, inclusive eu e a Lex Level! Mas tudo com a cabeça no lugar.

(Des)Contra-Ação: Hendrix, Joplin, Jim Morrison. Todos foram vítimas das drogas. Perante isso, você acha que o conhecimento de tal fato torna as drogas mais "legais" perante os adolescentes e adultos que curtem rock n'roll ou serve como uma advertência?

Dan: Na minha opinião, como uma advertência. Pelo menos pra mim são grandes talentos desperdiçados precocemente! Alguns ícones da atualidade, como o baterista do Avagend Sevenfold que infelizmente foi vitima de overdose, alertam a galera mais jovem de que as drogas muitas vezes aceleram o processo natural da vida! Como diriam os Racionais "Tragando a morte e soprando a vida pro alto."

(Des)Contra-Ação: A banda Minor Threat criou uma música chamada "Straigh Edge" que fala sobre as pessoas não precisarem beber ou se drogar para se divertirem, virando filosofia seguida por muitas pessoas no mundo inteiro O que você acha disso?

Dan: Quando eu era mais novo, me interessei um pouco sobre a iniciativa SxE, é um movimento bem bacana, são pessoas que na minha opinião sabem dar valor as coisas que realmente importam na vida! Mesmo a galera do movimento gostando de um som completamente diferente do que eu curto, respeito muito e admiro.

(Des)Contra-Ação: Acredita que a música - e principalmente os músicos - deveriam defender essa idéia de "drug free" - "livre de drogas"? Ou acredita que isso poderia tornar alguns estilos 'caretas' perante seu público alvo?

Dan: Não sou contra quem curte! Até porque deve ser legal, mas eu prefiro pensar nas conseqüências que isso pode me trazer no futuro. Acho que cada banda tem que defender a idéia que convém a elas, seja qual for a idéia, o seguimento ou estilo.O importante é fazer o que gosta e da maneira que gosta! Mas pra mim, ser careta não é um motivo do qual faz eu me envergonhar.

(Des)Contra-Ação: Você acha que a principal dificuldade para bandas como a Lex é a alta procura de bandas independentes por reconhecimento, criando assim uma gama muito grande de informação que, querendo ou não, acabam superlotando as gravadoras em busca de uma oportunidade, ou a precária situação musical brasileira atual, que prioriza aquilo que mais vende, ou seja, a música "pop adolescente"?

Dan: Acho um pouco dos dois. O mercado musical está muito saturado, com a internet todo mundo agora é artista! O problema é que tem muita banda que não é de muita qualidade tirando a oportunidade das que realmente são formadas por bons musicas, a imagem se tornou algo muito mais importante do que o principal quesito para ser um musico, que é entender de musica!

(Des)Contra-Ação: Certo! E a Lex Level, qual o intuito da banda em relação ao reconhecimento musical?

Dan: Temos o sonho de qualquer outra banda, que é viver de musica! Com certeza essa é uma missão mil vezes mais difícil pelo fato do nosso som não ser um som pop. Mas gostamos de desafios! E queremos realizar nosso sonho tocando O QUE AGENTE REALMENTE GOSTA o que é o mais importante, mesmo tendo que esperar muito por isso.

(Des)Contra-Ação: O que a Lex procura passar para o público?

Dan: Quem procura ler nossas letras, vai entender! Agente gosta de unir vários assuntos, de criticas sociais até amor, não temos preconceito com nada. A gente só quer transmitir quem realmente somos, com nossas qualidades e nossos inúmeros defeito. E já fica a deixa, pra quem tem duvidas se somos uma banda cristã ou não, nós acreditamos muito em Deus mas preferimos não nos limitarmos a só isso, mesmo tendo uma musica que claramente fala sobre religião "A Mensagem (Santifiquei)" não limitamos só a isso nosso som.


segunda-feira, 30 de agosto de 2010

É a hora de ser independente em São Paulo! [Zona Punk]

Diante do falso e polêmico episódio da auto-demissão do diretor da (Zonta) após a premiação de algumas bandas no evento, contatamos Wlad Cruz da Zona Punk, editor e Jornalista, para questionar sobre o fato. Ainda na oportunidade, conversamos sobre a realização da Semana da Independência que ocorre em São Paulo, evento que atrai e prioriza bandas independentes.

Banda Restart levou um dos prêmios no evento produzido pela Multishow. Achou justo? Por quê?

Wlad: Não existe esta de justo ou não. É votação popular, ou seja, quem tem mais votos, leva. O público do restart é em sua maioria (pré) adolescentes, que além de passionais, tem um longo tempo ocioso, o qual usa pra votar. Ou seja, é meio óbvio que bandas com este perfil ganhe de outras com um público mais velho. O sistema de votação é "errado". Entre aspas, pois se é uma votação popular, é o publico que vota.

Acredita que há falta humildade nas grandes bandas nacionais mercantis? Por quê?

Wlad: É relativo isso. Nunca passei por este tipo de problema com nenhuma banda, mas imagino que sim, o endeuzamento dos jovens em cima de bandas jovens, cause esse deslumbre. É o famoso "sobe pra cabeça".

Qual o perfil adulto de uma pessoa que somente absorveu esse tipo de informação durante toda a sua adolescência, em dias que precisamos estar tão alertas em relação as crises? O que podemos esperar desses jovens?

Wlad: Acho que nada. Os jovens de hoje, são jovens como em qualquer época. Todo jovem se acha dono da verdade, esperto, descolado etc. A diferença é que hoje existe muito menos conteúdo cultural no mercado. Ser jovem em 86 não é muito diferente de hoje. Os fãs do Restart de hoje, são como os jovens fãs das Spice Girls nos 90 ou do Menudo nos 80. Sempre há os dois lados, o razo e o profundo. Opções inteligentes sempre se teve. Se nos 80 tinha, sei lá, o Legião, hoje pode-se buscar outras bandas conteúdo para curtir. Mas a massa pop sempre vai buscar o que está em destaque na mídia, seja quando for.

E quanto ao evento da Semana da Independência, é uma forte iniciativa que deveria ser tomada como exemplo de atitude por bandas independentes de outros estados. O esforço para manter essa essência que o evento prega é compensatório? Por quê?

Wlad: É compensatório porque é minha vida. É meu trabalho e dia-a-dia, há anos. A maioria de tudo que cerca minha vida vem e vai pra esse meio, e acredito nele. Portanto, o mínimo a fazer, é mante-lo em chamas. E todos que acreditam nisso deveriam fazer sua parte, seja como for.

Como você vê a recepção do evento - Semana da Independência - por parte de bandas comerciais?

Wlad: Muitas das bandas comerciais de hoje vem da mesma cena, então acham bacana a iniciativa. Não é uma afronta ao outro, é uma valorização do nosso.

Muitas bandas independentes produzem um trabalho maravilhoso. Há uma certa ‘recusa’ de aceitação do material produzido por estas bandas em certas situações. Por que isso acontece, mesmo sendo um trabalho de qualidade?

Wlad: Novamente, falamos de mercado, não de arte. O mercado não engole certas coisas, não é aceitável. Não dá pra imaginar por exemplo o Dance of Days tocando num programa da tv aberta com uma música defendendo o ateísmo. O mercado não deixa, o que é fora dos padrões - determinados pelo próprio mercado de tempos em tempos - entrar e se espalhar. E claro, isso é transitório, já que o mainstream colocou e co-optou discos e bandas como Raimundos ou Plebe Rude - que cada uma a seu tempo, tinham conteúdo 'agressivo' ao mercado. Modas vem e vão. Vai que a próxima moda é o punk 77? ou o grind-core? Não da pra saber.

Acredita que a música produzida no Brasil por grandes produtoras, dando destaque a bandas como Restart e Cine, por exemplo, pode ser entendida algumas vezes como um material planejado estrategicamente para ‘dar certo’ e empurrado para o público,pelos meios de divulgação, acabando assim sendo a grande mercadoria consumida pela massa?

Wlad: No caso das bandas que você citou, por exemplo, não. O mainstream veio busca-las no independente. O Cine, ponta de lança da música pop jovem de hoje, fazia (faz) uma música baseada no que está bombando lá fora, uma música jovem, pop, com toques eletrônicos, visual up etc. Conquistaram o publico - igualmente jovem - primeiro no independente, e depois foram co-optados pela major, que no caso destas duas bandas, só teve o trabalho de espalhar e expor ainda mais um produto que já estava pronto. Existem claro, bandas fabricadas diretamente no mainstream para consumo, tipo BR'oZ e coisas assim, mas no final das contas, é um grande pau de sebo. Alguns ficam, outros caem, outros somem.

Como você classifica e definiria o que é produzido pela Restart?

Wlad: Música pop jovem. Não tem nada a ver com rock. É pop, como é sei lá, Luan Santana, Roxette e Britney Spears. Não consumo, não gosto e não me afeta.

O que deveria ser feito para mudar os rumos que a musicalidade no Brasil está tomando? Quais as medidas sem adiamento que deveriam ser tomadas?

Wlad: Fazer o seu e se preocupar menos com o do outro. Foda-se se o Restart ganhou um prêmio do multishow, da globo etc. Faça o seu. Divulgue o que você acha bacana, ensine, spread the word. O mercado mainstream sempre existiu e sempre teve seus fenômenos pop, de RPM ao Restart. Compra quem quer. Se você tem dissernimento pra saber que artista X não tem conteudo, não te agrega, então busque o que te identifica. Mas tenha em mente que quem curte e apóia esse tipo de artista (popular) em sua maioria são jovens e sem base pra buscas mais profundas. Não espere que uma menina de 14 anos se identifique com um Cazuza por exemplo, ou com o Frank Zappa. Apóie quem você acha que tem que ser reconhecido, e quem sabe assim, apoiando mais quem (ou o que) você acredita, isso (ou ele) fique maior.

Qual a mensagem que você procura passar pra galera que luta por fazer música com independência?

Wlad: Que faça música, arte pela arte, não pelo dinheiro ou pela fama. Toque, faça o seu, divulgue e acima de tudo, seja realizado com o que está fazendo.



P.S.: Caros leitores do (Des)Contra-Ação. A entrevista de Wlad, da Zona Punk, foi re-editada devido a denuncia da informação falsa da demissão de Zonta (diretor da Multishow). Pedimos desculpas perante a má apuração desta informação; Porém, a entrevista com Wlad é de total e completa competência e entendimento musical.

domingo, 29 de agosto de 2010

A voz de quem entende do assunto [Rock Drive] III

Que música é cultura todos já sabemos e partindo daí, logo, é gosto pessoal. Irwin já disse: “tudo virou um grande mercado”. Mas, e quanto à receptividade do público? É tudo um mercado, mas não somos obrigados à ouvir aquilo que não queremos, certo? Errado! Na entrevista abaixo, Irwin explica os conteúdos musicais e a receptividade que os mesmos tem perante a sociedade. Em afirmações categóricas e cheias de opinião, Irwin desce o verbo desde o Funk ao R&B Americano.


Irwin: A música atual é um mercado. A situação atual dentro de um cenário mundial - não digo nem à nível de Brasil - é caótica, é precária, é ridícula. Você pega um artista como a Lady Gaga que ano que vem com certeza não vai ser ninguém e vai sumir, vai desaparecer; você pega bandas que hoje estão estouradas como McFly, que é música pop - pego mais músicas pop por que os underground sempre vão estar aonde eles estão. Por isso são bandas mais verdadeiras e mais sinceras e duram mais tempo - Mas se a gente pegar do mercado pop, que é o mercado consumidor, que é do qual a gente ta falando, vai ter bandas como McFly, Jonas Brothers, Miley Cyrus e outras coisas e isso não vai existir daqui um ano.

Por que é forçado demais a imagem do artista e o tempo dele é totalmente perecível. Então isto cansa. O próprio público vai ficando mais velho e a cada ano que passa ele vai recebendo uma bomba de coisas novas e ele vai trocando, vai evoluindo perante o mercado e regredindo perante pessoa.

A cultura não é mais pra ser explorada. Não se deve ter cultura por que a cultura atrapalha. Quanto mais você pensar, mais você vai selecionar, então você só vai consumir uma única coisa. Você não vai consumir várias coisas e isso é ruim para o mercado. Então a verdade é que hoje o mercado ele é muito flutuante a nível de qualquer estilo musical, de produção, de tudo.

Na produção você pega uma das maiores escolas de música do planeta, como a Berklee que é uma das maiores escola de música do mundo, e você tem aula de engenharia de produção, você tem aula de ‘como se montar’ uma música de sucesso. A gente vê porque músicas de R&B americanos como Beyoncé e Norah Jones, Alisha Keys, porque que isso faz tanto sucesso? Por que cada coisa criada naquilo ali, dentro das músicas de Justin Timberlake e Chris Brown e Ne-yo, são feitas pra dar certo. Elas não são feitas para dar errado. O cara senta pra fazer um sucesso daquilo ali, ele sabe que aquilo vai ser sucesso. Por que cada nota daquele vocal é feito para atingir uma freqüência no teu cérebro que diz para você que aquilo é bom. Então tudo aquilo ali é estudado, cada batida daquela ali é estudada. A gente tem um exemplo no Brasil disso, com o Funk. São muito ignorantes e burros quem pensa que o Funk não é feito para dar certo e é uma das músicas mais inteligentes do mundo. Não tem letra, não tem conteúdo, talvez seja a grande porcaria do Brasil - o Funk, o Axé - mas eles trabalham em cima de uma gama de repetição de efeitos e de uma batida de freqüência grave que atinge uma certa região do cérebro que causa o movimento. Então o Funk por mais que você odeie, se tiver num lugar que ta tocando e você estiver com uma grande quantidade de pessoas, primeiro: você vai se desinibir, então aquilo vai gerar com que você pare pra escutar. Quando você perceber, você esta mexendo seu pé, você ta mexendo seu braço. E é totalmente incondicional, você não está percebendo que você está fazendo aquilo. Ta acontecendo, por que aquilo é feito estrategicamente para que você aceite, é a mesma coisa que acontece com a música eletrônica e é a mesma coisa que acontece com o R&B americano. O R&B americano é o nosso ‘pancadão’, só que não tem nem como discutir por que o de lá é muito melhor que o nosso.

A situação do cenário atual é precária. Em termos de produção é tudo feito estrategicamente para dar certo. O conteúdo é totalmente vazio, não tem nada. A maioria das músicas hoje não tem nada. A receptividade do público, ela é voltada à moda e a parte de divulgação é simples: tem que se usar todos os artifícios possíveis para fazer aquilo chegar até o público: visual, marca de roupa, griffes, tênis, seja o que for... propaganda, capa de caderno; o que for necessário para se empurrar aquele produto humano pras pessoas, deve e vai ser usado. Isso é uma tendência de mercado, então isso não vai acabar. A tendência é piorar cada vez mais.


sábado, 28 de agosto de 2010

Um povo no Cárcere [Sopro do Inferno]

O povo brasileiro comemora a cada 7 de setembro mais um ano de independência. Independência de quem acredita ser independente em um país que está enraizado em uma realidade destruidora e massificante. Antecipando a 'comemoração', Jack Rubens, da banda Carioca Sopro do Inferno, conversou brevemente com a equipe sobre o assunto. Um breve prato pra quem quer saber a opinião do garoto gaúcho. Pegue ai em baixo ‘babe’!


(Des)Contra-Ação: Jack! Independência na música, atos de liberdade.... isso existe?

Jack Rubens: A música pode interpretar o universo a sua volta ou criar um. Hoje em dia existe muita falsa liberdade. Grandes empresas engolem os artistas e os dão privilégios. Essa dualidade gera uma nação de hipócritas.

(Des)Contra-Ação: De que forma, você como integrante da Sopro do Inferno lida com isso?

Jack Rubens: Me mantenho direcionado, não me importo com o que as pessoas vão falar, não me importo com fama e dinheiro, me importo com algo próximo a realidade, só...

(Des)Contra-Ação: Certo! Até que certo ponto isso atinge ao público? Ou há percepção de que ainda existe uma certa alienação da realidade por este público da tal famosa 'liberdade de expressão' ?

Jack Rubens: Pra algumas pessoas algumas músicas parecem fantasmas.

(Des)Contra-Ação: Por quê?

Jack Rubens: Por que algumas canções faz olharem em volta e ver o mundo de outra perspectiva, tudo como um imenso vazio. O nosso mundo de mentiras.

(Des)Contra-Ação: Música na Sopro do inferno. Qual a intenção de seus conteúdos?

Jack Rubens: Barbarizar, trocar os pólos.

(Des)Contra-Ação: Jack, dia 7 de setembro, o BR completa mais um ano de independência. Hoje, se você fosse escolhido para manifestar em um grito algum "objetivo'', tal como foi "Independência ou morte", qual seria?

Jack Rubens: ‘Viva a revolução!’

(Des)Contra-Ação: Por quê?

Jack Rubens: Por que pra mim esse sistema é uma merda! É um sistema que escraviza as pessoas.

(Des)Contra-Ação: Jack, em um país onde prega-se a democracia, mas o povo tem pouca voz e vez, acredita que estrategicamente tudo não passa de uma tremenda farsa por parte dos 'chefões' do poder?

Jack Rubens: Claro, está tudo nas mãos deles, o povo não tem direito a nada, é tudo manipulado, enquadrado, avaliado, etc...

(Des)Contra-Ação: Então no grito "independência ou morte", podemos afirmar que o que está morrendo ou talvez nunca existiu, é a tal independência?

Jack Rubens: Isso, assim como a democracia.

(Des)Contra-Ação: Jack, sei que tu gosta bastante de ler. Na escola aprendemos e lemos sobre democracia, independência. A prática e atitudes ensinam bem mais, certo? Diante disso, por que as coisas permanecem intactas, mesmo que há conhecimento? É uma questão cultural, de acomodação do povo brasileiro?

Jack Rubens: As pessoas são muito materialistas, muitas sabem viver, mas só na teoria ou numa espécie de camarote ambulante.

(Des)Contra-Ação: Certo. Falando da Sopro, por que do nome "Sopro do inferno"?

Jack Rubens: Deixamos pra cada um ter sua própria interpretação. Achamos que não se deve ter temor a Deus nem ao diabo.


sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Politicamente sem medida [Aurora Rules]

Política gera conflitos, polêmica, destaque, agrado ou não! Em uma crise de sede de opinião contatamos o baixista Sandrão da banda Aurora de Goiânia, sem tempo para pensar, assim na lata: chegar sem questionar, mas já questionando! Aurora foi formada em 2008 com intuito de mandar um som que agrade gregos e troianos ,com algo leve e pesado ao mesmo tempo. Com uma gravação independente está prestes a lançar o primeiro trabalho que vai conter sete musicas + intro + um bônus track surpresa. Confira na entrevista como foi essa conversa!


(Des)Contra-Ação: San, o que você pensa sobre política?

Sandrão: Se resume em mentiras e ilusões para o próprio beneficio.

(Des)Contra-Ação: Por quê?

Sandrão: Por que usam de mentiras para iludir o povo, principalmente os que realmente precisam para o beneficio próprio, salários absurdos, viagens por conta do dinheiro do povo. Usam da esperança da população pra viver bem....toda regra tem sua exceção é lógico, mas isso vale a 98%.

(Des)Contra-Ação: Então você acredita que a política é a grande vergonha mundial?

Sandrão: Bem nessa mesmo!

(Des)Contra-Ação: Há uma imagem forçada que todo cidadão está ciente sobre a política. Frente a esta questão, como você vê a consciência destes que 'mentem e iludem', politicamente falando?

Sandrão: Não acho que todo cidadão esteja totalmente ciente a política. Tem muita gente ignorante, e tem algo mais forte que a política que é a voz do povo, mas que ninguém tem iniciativa. E a consciência dos políticos? Nem sei se eles tem isso (rs), porque enquanto eles estão ali torrando milhares e milhares está tudo bem né, e dai se o seu vizinho ta passando fome, foda-se né, ‘eu tenho meu banquete’. Pô, não sei nem me expressar quanto a isso, acho muito baixo esse tipo de pessoa, enfim...

(Des)Contra-Ação: Mas o povo está cansado de saber que há muitas promessas, e muitas vezes APENAS promessas. Isso é questão cultural. Não é de hoje! Então temos consciência de que a política é um prato cheio de interesses, por isso digo que é uma imagem forçada, e que muitas vezes não percebemos isso, mesmo sabendo que sempre foi assim. Certo?

Sandrão: Certo! Mas você não está querendo dizer também que tudo que passa hoje é culpa do povo né?

(Des)Contra-Ação: Não. Culpa é de quem tem o 'poder' em mãos e pouco faz pelo povo. Já que políticos 'funcionam' como formadores de opinião, por exemplo. Fica fácil usar uma estratégia, fica fácil subordinar.

Sandrão: Ah sim!

(Des)Contra-Ação: Mas enfim, mesclando com a música ... as bandas também podem funcionar como "formadores de opinião” com suas letras e atitudes. Você acredita que as bandas podem e deveriam se empenhar mais para abrir os olhos e a mente da população? (em relação a política)

Sandrão: Concerteza! E tem sim muitas bandas que fazem isso, fazem critica à política e até mesmo vamos dizer alguns estilos musicais ainda influenciam, isso é certeza.

(Des)Contra-Ação: Poderia citar algumas?

Sandrão: Tem uma musica que eu gosto muito de um artista que eu respeito muito também, o GOG, que chama "Brasil com p" é uma musica cheia de criticas que contem apenas palavras que começam com "P". Tem até um trecho que ele diz assim "pelos palanques políticos prometem, prometem pura palhaçada proveito próprio". Tem também muitas bandas de punk que protestam isso como cólera, e também muitos grupos de raps também protestam isso.

(Des)Contra-Ação: Certo! Qual a postura da Aurora frente a isso?

Sandrão: Digamos que num contexto geral Aurora não é uma banda que busca este tipo de protesto nas musicas. Tem sim musicas um pouco agressivas em relação à musicalidade, mas não as letras, as letras as vezes confronta o seu ego, relacionamento não só amoroso como amigo, então quando resolvemos montar a banda não tínhamos este intuito, mas dentro da Aurora existe 5 cabeças e que pensam cada uma de uma forma.

(Des)Contra-Ação: Certo! Tu acredita que há espaço para as bandas do mesmo estilo que a Aurora no cenário musical atual? (Já que há uma febre de músicas fabricadas por bandas como Cine, Fresno, Restart, entre outras, que é o que move a economia musical atualmente, digamos assim.)

Sandrão: Acredito, senão nem estaria lutando com Aurora ainda, porque não é fácil ter uma banda no cenário independente, tem q ter opinião e força de vontade. É lógico que não teremos a mesma abertura que essas bandas tem, até porque o publico é outro. As bandas no estilo da Aurora costuma ter fãs fieis e não fãs que daqui uns dias não vão nem lembrar que a banda existe, entende? Essas bandas são modismo e o publico ainda nem tem uma cabeça formada. Estamos na luta pra oferecer o melhor pra galera e pode ter certeza que não está sendo fácil para nós, e eu tenho muito que agradecer a todo mundo que está com a gente, que ajuda na divulgação e tudo mais, pelo apoio moral, isso é muito bom.

(Des)Contra-Ação: San, você deixaria a Aurora para fazer parte de uma banda como a Restart, por exemplo?

Sandrão: HAHAHAH! Concerteza NÃO!

(Des)Contra-Ação: Acredita que há mais preocupação e valorização da forma(som em si) do que com o conteúdo(letras) das músicas? (Há letras que dizem 'nada' de 'lógico')

Sandrão: Inversão de assunto de política pra Restart, pega os dois e joga no lixo. (rs) Então valorizam mais a forma de vestir do que o som que tocam. E eu penso o seguinte: essa febre vem da internet, eles já se colocam com uma banda grande, dai uma menina fala pra outra “nossa você viu aquela banda é tão fofa”, dai a amiguinha já se acha fã e começa a falar pra outra e dai vai se propagando, mas dai passam alguns meses e já saturou aquilo pra elas, pelo menos pra maioria, mas sei lá. Eles querem dinheiro, e estão ganhando muito dinheiro, eu apenas não gosto de nada desse tipo de som. (rs)

(Des)Contra-Ação: Isso pode ser a explicação para muitos adolescentes hoje estarem 'morrendo e matando’ por tal banda e amanhã simplesmente tratarem-a com indiferença?

Sandrão: EXATAMENTE, adolescentes... uma época de descobertas e mudanças (rs), enfim é isso que eu penso.

(Des)Contra-Ação: O mesmo pode acontecer na política então? (Questão de evolução e conscientização)

Sandrão: Acho que nem tanto na política. Política é questão de interesses, e há aqueles que realmente se envolvem com política e há aqueles que ficam na beirada. Os que se envolvem realmente na política costumam ter uma opinião formada já sobre o que "proteger" e as vezes por um interesse próprio muda de partido ou algo do tipo. Acho a política muito imunda, enfim...

(Des)Contra-Ação: Certo! San, falando um pouco da Aurora, quais os projetos para este final de semestre de 2010 e início de 2011?

Sandrão: Então, vamos terminar de gravar o EP em breve e vai vim com surpresinha hein (rs). Depois que finalizarmos o EP vamos tirar as fotos promo e arrumar o Myspace. Pensamos em prensar CD’s pra vender e presentear em shows, depois do EP finalizado é ensaiar mais e mais e fazer shows, e mais shows, e claro a divulgação na internet que é essencial.

(Des)Contra-Ação: San, você como critica muito os políticos, se algum partido político convidasse a Aurora para abrir seu comícios, qual seria tua reação?

Sandrão: Como eu disse anteriormente, Aurora são 5 cabeças, se a maior parte aceitar o que posso fazer?! (rs)

(Des)Contra-Ação: Certo. San, acredita que há mesmo democracia no Brasil?

Sandrão: Na teoria sim, porque afinal quem escolhe os governantes somos nós, mas acho que a questão principal nem é essa, é antes das votações, as falsas promessas tudo que fazem para conseguir o poder, e depois que consegue esquecem do povo, porque afinal já conseguiram o que queriam né, e como você sabe a corda só arrebenta do lado mais fraco.

(Des)Contra-Ação: A questão voto é algo obrigatório. Seria uma forma de induzir já que existe aquele pensamento comum de "votarei em qualquer um já que é obrigação votar e não tenho candidato específico, que valha a pena". Acredita que essa atitude de quem propõe esta lei, é também uma atitude estratégica?

Sandrão: Concerteza, digamos que a maior parte do povo odeia votar e nem é tao ligado a isso...

(Des)Contra-Ação: Ok, San, valeu! Algo mais a declarar?

Sandrão: Lógico, não posso perder a oportunidade de fazer o merchan. (rs) Acesse já o Myspace www.myspace.com/aurorarules e se pá nos ajude na divulgação. logo EP tá pronto e depois é só sucesso. ( rs) E já q o assunto foi política, pense bem antes de votar... Brigadão kate!

(Des)Contra-Ação: Quero um EP! (rs). A (Des)Contra-Ação agradece San!

Sandrão: E você terá um EP! (rs)


A voz de quem entende do assunto [Rock Drive] II

(Des)Contra-Ação: Qual a diferença desta produção de músicas das bandas de antigamente para atualmente?

Irwin: Indiscutivelmente não tem o que dizer, a musica acabou em 1995. A musicalidade morreu nos anos 90. Talvez algumas bandas, ainda do pós-grunge, acho que a verdadeira música acabou no Nirvana. foi a última grande banda que tivemos no mundo. E talvez os anos 90 tenha sido a última década de realmente artistas, de inspirar musicalidade. Existem grupos e músicos hoje muito bons? Tem. Nós temos, dentro do Rock And Roll, o Muse que é uma banda inglesa que é fenomenal, que toca uma música que realmente não é prostituída, não é vendida, é arte. Nós temos um artista turco, chamado Mika que pega um estilo pop misturado com George Michael, Elton John e Queen (Freddie Mercury), que é um monstro, canta muito, as músicas são muito boas.

Temos o John Mayer que é um americano que faz um estilo mais Folk, Soul e Blues, que é um monstro também na música. Mas são coisas muito pinceladas que se misturam e esbarram no meio de uma grande prostituição mercadológica, por que a música virou um produto. Esta que é a verdade: ela sempre foi um produto.

Nos anos 80 o Hard Rock, na década de 50 a meados de 60 nós temos o Rockabilly: Elvis Presley, Chuck Berry, Bill Haley , Jerry Lee Lewis, e um monte de gente. Então a gente tem isso. Na época de70 nós temos a disco music. Então sempre vai ter um mercado. Só que antigamente o mercado não era baseado só em venda. Era baseado na diferença. Era baseado na expressão artística. Hoje em dia o mercado é baseado em vender um produto. A gente brinca que as bandas tem que se preocupar muito mais no tênis que vai calçar, na calça que vai botar, no cabelo que vai cortar do que no som, por que o som é uma cópia “Ctrl+C” e “Ctrl+V” de tudo, bota talvez um tecladinho aqui, uma batidinha ali, mas no final é a mesma coisa, não muda.

Indiscutivelmente eu acho que dificilmente a gente vai ter despontado no mundo hoje bandas como foi o Guns N’ Roses, como foi Led Zepllin nem vou citar Michael Jackson que seria até uma ofensa, não teria nem como citar. Acho que nunca vai existir um artista que chegue próximo ao que foi Michael Jackson . Mas nem tem como voltar esta fase, por que tudo é uma evolução, seja indo pro lado bom, ou pelo lado ruim.

Acredito que a diferença mais forte que existe entre as bandas atuais, os músicos atuais e os de antigamente é a questão da globalização, da concorrência e da evolução. Não é que a música de hoje é pior do que a de antigamente, mas a tendência mercadológica que se criou em cima disso levou pra que fosse assim.

Você pode pegar, hoje, bandas comerciais, como Fall Out Boy, se botasse o Fall Out Boy para tocar na época do Beatles, o Beatles seria ninguém, por que o Fall Out Boy é infinitamente mais bem feito, produzido com acordes mais trabalhados, vocal mais afinado. Só que o Fall Out Boy barrando perto dessas bandas de estilo deles, acabam tendo seu brilho ofuscado e em nível de mercado não tem tanta moral.

A gente tem vários paradigmas do antes e depois. Será que Pelé jogaria tanta bola na época do Ronaldo Fenômeno e do Ronaldinho Gaúcho? Será que se Ronaldinho Gaúcho jogasse naquela época Ronaldinho Gaúcho era melhor do que Pelé? Então não dá pra ter essa comparação. Talvez a única comparação que a gente pode ter é que o mercado consumidor evoluiu pra um lado ruim e isso tende a fazer com que as bandas passem a ser ruins. Não é que as bandas não tenham capacidade de fazer música, no nível que era feito no passado, mas é que o futuro, o presente, não consome o passado.

Não dá para você pegar uma banda tipo Restart, por exemplo, e querer que Restart toque que nem Led Zepellin porque o próprio público que consome Led Zepellin nunca iria em um show do Restart, porque veria um monte de pirralhos de 17 anos tocando música velha e eles não atingiriam respeito por isso. Acho que se baseia em todo este contexto, de produção musical, de produção de eventos e de bandas atuais e novas.


quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A voz de quem entende do assunto [Rock Drive]

A musica, atualmente, está presente em tudo (na rádio, na televisão, na publicidade, no cinema, na internet e mundo afora). Seria impossível negar a importância da música como mercadoria pelo punho de elementos culturais que nela se inserem. Seja pela capacidade de sensibilizar seus ouvintes com suas letras, ou simplesmente pelos ritmos dançantes. Veja, na entrevista abaixo, a opinião de alguém que, não apenas compreende o assunto, mas também trabalha com ele. Irwin Rocha, vocalista da banda Rock Drive e Produtor musical da BURNING solta o verbo e comenta com a (Des)Contra-Ação os problemas que a musica atual, tratada como mercadoria, enfrenta.



(Des)Contra-Ação: Quais as dificuldades e facilidades da produção musical?
Irwin: A Produção musical e a produção de música dentro de eventos são duas coisas que andam lado a lado e separadamente, por causa de estilos. Porém as dificuldades e facilidades são basicamente as mesmas hoje. No Brasil, temos uma diversidade muito grande de etnias e de raças. Tem alemães, italianos, japoneses, americanos, tudo! E isto cria uma certa dificuldade em se ter um estilo predominante, em se ter uma cultura musical.

Aquilo que antigamente se dizia cultura musical no Brasil - como a Bossa Nova, o Samba - nem existe resquícios disso mais. O Rio de Janeiro, que era o berço disso, já é um estado falido musicalmente e culturalmente. Não em relação de que lá não tem cultura, mas em relação de que as pessoas não consomem mais este tipo de cultura. A massificação do pop e de estilos populares dentro do Brasil e daquilo que mais toca, daquilo que é mais freqüentado, tomou uma proporção desumana - e aonde acho que isso se tornou até um pouco mundial, acho que o mundo inteiro vem sofrendo isso, com as “Ladys Gagas” por aí a fora. Acho que, na verdade, o que acontece dentro do país hoje é que você tem uma dificuldade, primeiro de cultura, de entendimento musical.

Não se consegue mostrar para o público brasileiro, hoje, música. Você consegue mostrar ritmos. O brasileiro não está se importando mais com questões do tipo “vou pagar pra ver um artista”. Se não for por um som internacional, uma coisa muito específica, na verdade ninguém paga pra ver uma banda brasileira ou um artista brasileiro. Ninguém vai numa ‘micareta’ que tenha Ivete, Claudinha Leite, porque elas que estão tocando. O pessoal vai por que vira uma grande festa, onde rola de tudo, e isso torna-se bacana, torna-se legal de se consumir.

Talvez a nossa maior dificuldade ainda seja realmente esta questão cultural. Você não tem muita opção dentro da música brasileira de colocar coisas novas. O brasileiro tem uma grande resistência ao novo por falta desta postura, por falta deste estímulo que parte de muita coisa. Então por não termos uma postura musical predominante e termos - a grande maioria - esta dificuldade de aceitar o novo sofremos com alguns estilos que podem não ser tão populares como o Rock And Roll, como a música eletrônica e algumas outras coisas de ter esta inclusão. Por que? Você pega uma música hoje no Brasil – e nós que somos produtores musicais, estudamos isso e sabemos disso - você tem uma fórmula, todo o sucesso tem uma fórmula. Quando uma banda entra em uma gravadora, ou qualquer coisa que aconteça, tem um ponto chave de se fazer sucesso. Até as notas musicais, até vibrações, as freqüências, como aquilo é usado, é estudado milimetricamente para fazer sucesso.

Então a verdade é que a música, hoje, perdeu essa questão da inocência, desta questão do “deixar acontecer”. Lógico, você vai chegar com uma música sua dentro de qualquer lugar para gravar e a essência dela existe. Ninguém cria uma música pensando “nossa, isso vai fazer sucesso” só que isso é modificado de forma a fazer sucesso. E no Brasil nós temos este problema, por exemplo a estrutura musical. Aqui temos ainda muito desta coisa de “canto um, refrão, canto dois, refrão, muda, refrão.. acaba”. O brasileiro não sabe sair disso.

Um exemplo disso é o CD novo da Fresno. É um CD que não vai vender nada. É um CD que vai aparecer em revistas ai, críticos “metendo o pau” e vai aparecer como o CD mais vendido do Brasil. E é mentira, por que tudo é subornado, pra dizer que foi vendido. Não deve ter vendido nem mil cópias ainda se bobiar, e é um disco que as pessoas irão curtir aqueles três hits que viram clipes da MTV por que são pagos pra virar e o brasileiro consume isto.

Em trilha sonora de msn e orkut, a pessoa pega o best off de todas as bandas que ele escuta, de todos os artistas, coloca um fone de ouvido, vai teclar com os amigos e deixam aquilo ali rolando. Então não tem mais essa coisa de consumir um artista por que você gosta do artista. O disco novo do Fresno é um disco que tem uma diversidade muito grande. É um CD que tem estruturas musicais baseadas em bandas americanas e inglesas de nome, bandas como The Killers, bandas antigas como U2 e Queen. Bandas que tinham uma tendência progressiva, de não ficar se repetindo.

Então acho que a maior dificuldade é essa. Ela começa na cultura, mas não temos uma cultura musical, não temos uma influência musical, principalmente de coisas boas. Já tivemos, mas não temos mais. E hoje o jovem que é o maior consumidor de cultura e entretenimento, é um consumidor de festas e não de músicas.

Na parte de produção o maior problema é o mesmo da parte de shows. É esta questão de você não conseguir formalizar o gosto deste “ir ao evento” ou de se gravar uma música para que as pessoas gostem daquilo, do todo. A gente esbarra na produção musical de estúdio, de gravação, e tem que fazer discos pequenos, rápidos, músicas de no máximo 3 minutos por que tem que tocar na rádio. Acho que poucas pessoas sabem hoje que quando você manda uma música, se a música passa de três minutos e meio, ela obrigatoriamente tem que ser cortada, tem que aleijar a música em várias partes para que ela caiba naquele tempinho da rádio. Então tudo virou um grande mercado.





PS: A entrevista com Irwin, será segmentada em algumas postagens. Fiquem de ouvidos atentos e olhos bem abertos, pois virá mais sobre. Yeah!

Coisas de Mulher

Sempre defendi muito a idéia de que somos todos iguais, homens e mulheres. Com funções básicas iguais, necessidades iguais, e direitos - acima de tudo - iguais. Quem disse que a arte imita a vida, não conheceu uma mulher de verdade. No cinema, mulheres são bem sucedidas, donzelas que nos últimos capítulos recebem uma declaração de amor de fazer surgir suspiros na platéia, então o mocinho a pega pela cintura, a beija e a mocinha recebe seu tão esperado final feliz.

A mulher de verdade não espera pelo príncipe encantado, ela vai atrás do seu futuro, com ou sem príncipe. Uma mulher de verdade não quer um final feliz, ela quer uma história inteira. Mulheres de verdade, donzelas ou não, bem sucedidas ou não, possuem muito mais em comum do que se pode imaginar. Mulheres de verdade amam demais, e me perdoem aqui os leitores masculinos, mas as mulheres colocam muito mais amor em tudo que fazem do que os companheiros do sexo oposto.

Que mulher agüentaria cuidar dos estudos, da casa, da família e da carreira profissional se não amasse profundamente todas essas coisas? Mulheres costumam ser firmes, fortes e decididas. Mas há um problema quanto a elas: costumam ser auto-protetoras ao extremo. Se fecham nesse mundinho imaginário de segurança e dificilmente se abalam; Não gostam dos “in’s”, embora muitas vezes os sejam.

Claro que também existem aquelas que acham que, por serem assim, são complexas e indecifráveis quando, na verdade, são mais transparentes que muita gente. Ouvem mais a razão, mas ela não fala sozinha; são obrigadas a conviver e a ignorar os gritos incessantes do coração, mas não dão bola para ele, pois é sábio demais pra guiar sua intuição.

São coisas de mulheres. Nem vagas, nem objetivas. Mulheres e seus subjetivos. Seus pretéritos perfeitos, quase imperfeitos quando conjugados na terceira pessoa do singular, também é mais-que-perfeito na primeira pessoa do plural. Decifrar todas as “coisas de mulheres”, para muitos, pode virar até objetivo, porém, gostar pode acabar sendo só conseqüência.


Joana F. Scherer