quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A voz de quem entende do assunto [Rock Drive]

A musica, atualmente, está presente em tudo (na rádio, na televisão, na publicidade, no cinema, na internet e mundo afora). Seria impossível negar a importância da música como mercadoria pelo punho de elementos culturais que nela se inserem. Seja pela capacidade de sensibilizar seus ouvintes com suas letras, ou simplesmente pelos ritmos dançantes. Veja, na entrevista abaixo, a opinião de alguém que, não apenas compreende o assunto, mas também trabalha com ele. Irwin Rocha, vocalista da banda Rock Drive e Produtor musical da BURNING solta o verbo e comenta com a (Des)Contra-Ação os problemas que a musica atual, tratada como mercadoria, enfrenta.



(Des)Contra-Ação: Quais as dificuldades e facilidades da produção musical?
Irwin: A Produção musical e a produção de música dentro de eventos são duas coisas que andam lado a lado e separadamente, por causa de estilos. Porém as dificuldades e facilidades são basicamente as mesmas hoje. No Brasil, temos uma diversidade muito grande de etnias e de raças. Tem alemães, italianos, japoneses, americanos, tudo! E isto cria uma certa dificuldade em se ter um estilo predominante, em se ter uma cultura musical.

Aquilo que antigamente se dizia cultura musical no Brasil - como a Bossa Nova, o Samba - nem existe resquícios disso mais. O Rio de Janeiro, que era o berço disso, já é um estado falido musicalmente e culturalmente. Não em relação de que lá não tem cultura, mas em relação de que as pessoas não consomem mais este tipo de cultura. A massificação do pop e de estilos populares dentro do Brasil e daquilo que mais toca, daquilo que é mais freqüentado, tomou uma proporção desumana - e aonde acho que isso se tornou até um pouco mundial, acho que o mundo inteiro vem sofrendo isso, com as “Ladys Gagas” por aí a fora. Acho que, na verdade, o que acontece dentro do país hoje é que você tem uma dificuldade, primeiro de cultura, de entendimento musical.

Não se consegue mostrar para o público brasileiro, hoje, música. Você consegue mostrar ritmos. O brasileiro não está se importando mais com questões do tipo “vou pagar pra ver um artista”. Se não for por um som internacional, uma coisa muito específica, na verdade ninguém paga pra ver uma banda brasileira ou um artista brasileiro. Ninguém vai numa ‘micareta’ que tenha Ivete, Claudinha Leite, porque elas que estão tocando. O pessoal vai por que vira uma grande festa, onde rola de tudo, e isso torna-se bacana, torna-se legal de se consumir.

Talvez a nossa maior dificuldade ainda seja realmente esta questão cultural. Você não tem muita opção dentro da música brasileira de colocar coisas novas. O brasileiro tem uma grande resistência ao novo por falta desta postura, por falta deste estímulo que parte de muita coisa. Então por não termos uma postura musical predominante e termos - a grande maioria - esta dificuldade de aceitar o novo sofremos com alguns estilos que podem não ser tão populares como o Rock And Roll, como a música eletrônica e algumas outras coisas de ter esta inclusão. Por que? Você pega uma música hoje no Brasil – e nós que somos produtores musicais, estudamos isso e sabemos disso - você tem uma fórmula, todo o sucesso tem uma fórmula. Quando uma banda entra em uma gravadora, ou qualquer coisa que aconteça, tem um ponto chave de se fazer sucesso. Até as notas musicais, até vibrações, as freqüências, como aquilo é usado, é estudado milimetricamente para fazer sucesso.

Então a verdade é que a música, hoje, perdeu essa questão da inocência, desta questão do “deixar acontecer”. Lógico, você vai chegar com uma música sua dentro de qualquer lugar para gravar e a essência dela existe. Ninguém cria uma música pensando “nossa, isso vai fazer sucesso” só que isso é modificado de forma a fazer sucesso. E no Brasil nós temos este problema, por exemplo a estrutura musical. Aqui temos ainda muito desta coisa de “canto um, refrão, canto dois, refrão, muda, refrão.. acaba”. O brasileiro não sabe sair disso.

Um exemplo disso é o CD novo da Fresno. É um CD que não vai vender nada. É um CD que vai aparecer em revistas ai, críticos “metendo o pau” e vai aparecer como o CD mais vendido do Brasil. E é mentira, por que tudo é subornado, pra dizer que foi vendido. Não deve ter vendido nem mil cópias ainda se bobiar, e é um disco que as pessoas irão curtir aqueles três hits que viram clipes da MTV por que são pagos pra virar e o brasileiro consume isto.

Em trilha sonora de msn e orkut, a pessoa pega o best off de todas as bandas que ele escuta, de todos os artistas, coloca um fone de ouvido, vai teclar com os amigos e deixam aquilo ali rolando. Então não tem mais essa coisa de consumir um artista por que você gosta do artista. O disco novo do Fresno é um disco que tem uma diversidade muito grande. É um CD que tem estruturas musicais baseadas em bandas americanas e inglesas de nome, bandas como The Killers, bandas antigas como U2 e Queen. Bandas que tinham uma tendência progressiva, de não ficar se repetindo.

Então acho que a maior dificuldade é essa. Ela começa na cultura, mas não temos uma cultura musical, não temos uma influência musical, principalmente de coisas boas. Já tivemos, mas não temos mais. E hoje o jovem que é o maior consumidor de cultura e entretenimento, é um consumidor de festas e não de músicas.

Na parte de produção o maior problema é o mesmo da parte de shows. É esta questão de você não conseguir formalizar o gosto deste “ir ao evento” ou de se gravar uma música para que as pessoas gostem daquilo, do todo. A gente esbarra na produção musical de estúdio, de gravação, e tem que fazer discos pequenos, rápidos, músicas de no máximo 3 minutos por que tem que tocar na rádio. Acho que poucas pessoas sabem hoje que quando você manda uma música, se a música passa de três minutos e meio, ela obrigatoriamente tem que ser cortada, tem que aleijar a música em várias partes para que ela caiba naquele tempinho da rádio. Então tudo virou um grande mercado.





PS: A entrevista com Irwin, será segmentada em algumas postagens. Fiquem de ouvidos atentos e olhos bem abertos, pois virá mais sobre. Yeah!

Um comentário:

  1. Esse cara disse tudo. O povo brasileiro enga as origens, nega a arte. Não sabem discernir samba de pagode, não sabem o q significa axé, orró, tampouco a historia dos generos. Do rock digo o mesmo. Muito riste ver restart e cine ai ans paradas fazendo a cabeça dos jovens. Se nx-zero, fresno e o movimento emo ja era um erro na historia da musica, isso consegue ser pior. Será q qq letra em cima de tres acordes fazem sucesso se quem canta eh gente coma tributo fisico? Alguem conhece luiz gonzaga, Cartola, Noel Rosa, Candeia e afins. Poucos sao os q conhecem mto de cazuza e raul seixas, poucos sao os q sabem alguma coisa de musica.

    O movimento minimalista foi deturpado ao extremo com psy, trance e derivados. O samba foi desruido, e se tornou pagode, o q nada mais eh q um samba lento, com letras de corno e apelo comercial, assim como tudo hoje. Se nao tem aparencia nao vende. Se eh demasiadamente sentimenal, profundo, nao vende. Se eh criico, ano vende. Mas se tem mulher no meio, descamisados saradoes, garotos bissexuais com carinhas de bebe, pronto, vende. As musicas naot em solo, nao tem harmonia trabalhada, e tem uam batida repetida, se faz musica pensando se o povo vai gostar, e naoo q realmente se quer, mas eh ai q as coisas se confundem já que os jovens querem ganhar dinheiro, a ideia de fazer musica por si só logo se esvai com o primeiro sucesso, e ai vem as fãs, o dinheiro, mtas vezes as drogas.

    Musica é um estado de espirito,um trabalho. Pq nao se pdoe fazer forró com letras decentes, retomar o samba das antigas, fazer musicas trabalhadas, pq? Preguiça? Incompetencia?

    Qtos ãs da fresno sabem q fresno eh uma cidade dacalifornia q vem do espanhol e se refere a uma arvore?

    Enquanto houverem ouvintes idiotas, continuarão havendo bandas à altura

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